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Estudo no México prova que transexualidade não é transtorno psiquiátrico

A pesquisa tem o objetivo de retirar as pessoas transgênero da classificação de transtornos mentais da OMS

São Paulo |
Pesquisa mostrou que os transtornos psiquiátricos na população transexual são produto da violência e discriminação que sofrem
Pesquisa mostrou que os transtornos psiquiátricos na população transexual são produto da violência e discriminação que sofrem - Divulgação

Um estudo publicado pela revista britânica The Lancet Psychiatry demonstrou medicamente que a mudança na identidade de gênero não pode ser considerada uma doença psiquiátrica. A pesquisa, apresentada por cientistas mexicanos na última quinta-feira (28), pretende retirar a denominação transgênero da classificação de transtornos mentais da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

O estudo fez 260 entrevistas com adultos transgênero tratados na clínica especializada em doenças de transmissão sexual Condesa. A pesquisa mostrou que os transtornos psiquiátricos na população transexual são produto da violência e discriminação que sofrem, e não um produto da transexualidade em si, como é atualmente classificado. 

Em entrevista para a Agencia France Presse (AFP), Ana Fresán, uma das autoras do estudo, afirmou que a reclassificação “não irá apenas promover a discussão de novas políticas públicas de saúde para a comunidade trans, mas também reduzir o estigma e a rejeição de que são vítimas”. 

O estudo de campo é um dos primeiros de muitos que já estão sendo feitos em diversos países como Brasil, França, Índia, Líbano e África do Sul, para serem apresentados em 2018 na discussão da 11ª versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da OMS. O evento serve como referência médica para os países membros da organização. 

Segundo a presidenta do Conselho Nacional para Prevenir a Discriminação do México, Alexandra Haas, também em entrevista para a AFP, é problemático assumir a identidade trans como patologia. “Pensar a identidade como uma doença nos obriga a buscar uma cura, e em vez disso os esforços institucionais devem forçar em reconhecer a diversidade, promover a inclusão e garantir os direitos”, afirmou. 

 

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