CULTURA POPULAR

Os pés que dão o ritmo da história do coco

O Samba Coco Raízes do Arcoverde comemora os seus 24 anos

Recife |
De dentro dos quilombos é que vem as bases para o coco.
De dentro dos quilombos é que vem as bases para o coco. - Divulgação

De dentro dos quilombos é que vem as bases para o coco. A mazuka era o nome tradicional e ainda pode ser visto em alguns grupos de coco atuais. Uma manifestação cultural popular que tem variações como o coco de ciranda, o de beira de praia, o de umbigada e o de raiz. Em Arcoverde, interior de Pernambuco, o coco de Trupe ganha o destaque. Feito pela batida dos pés com o tamanco no chão de terra e acompanhado pelo triângulo, pandeiro, surdo e o ganzá.

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O grupo Samba Coco Raízes de Arcoverde é um dos símbolos que perpetua essa manifestação cultural. Fundando em 1992 por Lula Calixto e composto por três famílias: Lopes, Gomes e Calixto. “Quando Ivo Lopes morreu em 1987, o coco ficou meio apagado. Mas os coquistas continuavam as suas atividades. Era o caso de Lula que, em 1992, a partir de uma conversa com Maria Amélia, responsável pela Secretaria de Cultura do município no período, resolveu criar o Samba Coco Raízes do Arcoverde”, conta Assis Calixto, irmão de Lula e compositor e mestre do grupo atualmente.

Ele conta que nesse período entre a morte de Lopes e a criação do grupo do qual faz parte, as famílias realizavam pequenas festas de coco todos os anos. A tradição das festas foi mantida e fortalecida pelo Samba de Coco Raízes do Arcoverde, que realizava a festa de comemoração do aniversário do grupo todos os anos na frente da sede, até começar a receber apoio governamentais e se transformar em festival.

“No final de semana, nos dias 22, 23 e 24, será realizado o 9° Festival Lula Calixto e o 18° Aniversário do Samba de Coco Raízes do Arcoverde, no Alto do Cruzeiro, aqui em Arcoverde. Serão 52 grupos se apresentando, entre cocos, maracatus, cirandas e teatro”, explica Iran Calixto, sobrinha de Assis e produtora do grupo.

A produtora e integrante do grupo afirma ser gratificante dançar o coco em família. “Nosso grupo tem 12 integrantes. Minha mãe, meu pai, meu tio, meus sobrinhos. Todos fazendo o coco. A gente sempre passa os ensinamentos para os mais novos, para que eles continuem quando a gente não estiver mais aqui”, conta Iran.

Para quem nunca ouviu o Samba de Coco Raízes de Arcoverde, Assis explica as principais características do tipo de coco praticado: “o Trupe, que é o coco que a gente faz, foi criado por Lula Calixto e tem uma pisada forte e ligeira. Isso vem muito da tradição que a gente tinha de pisar o chão das casas de taipa para que o piso ficasse mais liso”, relata.

O tamanco de madeira junto com o triângulo, o pandeiro, o surdo e o ganzá fazem a sonoridade. O tamanco também foi criado por Lula. Pois, quando ele ia demonstrar o coco para as pessoas, o som do sapato no chão era fraco, segundo afirma Assis. Elementos do samba e dos folguedos de roda também são encontrados nas danças e nas músicas do Samba Coco Raízes do Arcoverde, que já gravou três CDs. Em 2000, saiu o primeiro, com o mesmo nome do grupo. Em 2002, é lançado o segundo, intitulado Godê. E, em 2011, foi a vez de sair o terceiro.

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