ANIVERSÁRIO

PE | O campo e a cidade se encontram no Espaço Agroecológico das Graças

Feira completa 20 anos levando alimentos saudáveis para a cidade do Recife.

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O Espaço Agroecológico completou duas décadas de vida e de promoção da agricultura sem uso de agrotóxicos.
O Espaço Agroecológico completou duas décadas de vida e de promoção da agricultura sem uso de agrotóxicos. - Catarina de Angola

O Brasil é um dos países que mais consome agrotóxicos em todo o mundo. São mais de cinco litros de agrotóxicos por pessoa ingeridos anualmente no país. Como se consome tanto veneno? Através dos alimentos que chegam à mesa todos os dias, principalmente os produzidos pelos grandes produtores, pelo agronegócio brasileiro. Além do uso de venenos, a população brasileira também se alimenta muito de produtos processados e congelados, que é a maior parte dos alimentos vendidos nos supermercados.

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E onde é possível encontrar espaços de venda de produtos sem veneno na cidade do Recife? As feiras agroecológicas são uma possibilidade. Existem muitas feiras espalhadas por vários bairros da cidade e os desafios são que cada vez mais produtores e produtoras agroecológicos possam também chegar aos espaços mais periféricos.

“Esses espaços são muito importantes para a cidade porque é onde você tem um produto de qualidade, que naturalmente você não teria, porque as feiras em bairros tem se acabado ao longo do tempo, e com a abertura de grandes supermercados você acaba com a lógica da relação produtor e consumidor. Com as feiras você acessa o produto e conhece quem produz a comida diretamente. As feiras agroecológicas são equipamentos públicos de saúde das cidades, e Recife têm cinco assessoradas pelo Centro Sabiá”, explica Carlos Magno, coordenador técnico-pedagógico do Centro Sabiá, organização não governamental que assessora feiras agroecológicas e agricultores/as familiares em Pernambuco.

Um desses espaços de venda de alimentos agroecológicos no Recife completou 20 anos em 2017. O Espaço Agroecológico, feira que acontece todos os sábados pela manhã, no bairro das Graças, no Recife (PE), completou duas décadas de vida e de promoção da agricultura sem uso de agrotóxicos. A feira já se tornou um espaço de venda, mas também de encontros de quem mora no entorno das Graças. A feira começou em outubro de 1997, em comemoração ao Dia Mundial da Alimentação, e segue até os dias de hoje, uma articulação de associações de agricultores e agricultoras e assessoria do Centro Sabiá.

“O Espaço Agroecológico é muito importante na minha vida. Antigamente, a gente vivia na mão dos atravessadores e quando se criou esse espaço a gente teve onde comercializar diretamente de agricultor para consumidor. O mais importante é o carinho e a confiança que conquistamos com os consumidores. O nosso compromisso não é só de venda, mas também de relações de amizade. E os agricultores e agricultoras uns perto dos outros que se juntam e levam um produto de boa qualidade para a cidade. O carinho que recebemos não tem preço”, explica Lenir Pereira, agricultora agroecológica que há 20 anos comercializa na feira. Ela vem de Abreu e Lima e é uma das pioneiras em agrofloresta em Pernambuco.

Rede Espaço Agroecológico - Ao longo desses 20 anos o Espaço Agroecológico se expandiu e passou a reconhecer sua identidade de rede, assim se articulou a Rede Espaço Agroecológico, formada por sete associações de agricultores e agricultoras agroecológicos, organizados em cinco feiras. Além da feira do bairro das Graças, no Recife, ainda tem feira nos bairros de Boa Viagem, Santo Amaro e Setúbal. E em Gravatá, no Agreste, também a feira agroecológica compõem a rede. São mais de 240 famílias que participam direta ou indiretamente da produção e comercialização dos alimentos.

E ação da Rede Espaço Agroecológico tem se expandido para além das feiras. Ela também tem se organizado para comercialização dos produtos (entre frutas, verduras, leguminosas e produtos fitoterápicos) através do Grupo de Consumo Responsável. Uma iniciativa organizada por consumidores, agricultores e agricultoras, com assessoria do Centro Sabiá.
 

Edição: Monyse Ravena