Diálogo

Luta na defesa da democracia e da agroecologia reúne organizações populares em PE

O ERÊ é um dos espaços preparatórios para o IV Encontro Nacional de Agroecologia

Brasil de Fato | Recife (PE) |
“Já estamos percebendo a diminuição de espaços de participação da sociedade civil", apontou Luciano Marçal da AS-PTA
“Já estamos percebendo a diminuição de espaços de participação da sociedade civil", apontou Luciano Marçal da AS-PTA - Catarina de Angola

Nos dias 27 e 28 de fevereiro, a cidade do Recife sediou o Encontro Regional de Agroecologia (ERÊ NE) que reuniu cerca de 150 pessoas de Organizações Não Governamentais (Ongs), Movimentos Populares, pesquisadores, estudantes e agricultores de todos os estados da região nordeste e aconteceu na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). 

Com a apresentação de experiências que iam da Bahia ao Maranhão, o debate dos dois dias de encontro se deu em torno do tema “Agroecologia e democracia unindo campo e cidade”. O ERÊ é um dos encontros preparatórios para o IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) que será realizado de 31 de maio a 03 de junho, na capital mineira, Belo Horizonte, com público esperado de duas mil pessoas. O ENA é organizado pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

Agroecologia e Democracia

Tentando responder a questão central da atividade de como a agroecologia e a democracia unem o campo e a cidade, Cristina Nascimento, da Rede de Assessoria Técnica e Extensão Rural do Nordeste (Rede Ater), destacou as Feiras agroecológicas como um dos mais importantes espaços de diálogo entre o campo e a cidade, “são espaços importantes inclusive para que as pessoas se reconheçam e se encontrem como classe trabalhadora no campo e na cidade”. Cristina também destacou que sem uma democracia forte, vários processos ligados a conquista de políticas públicas para agroecologia não se concretizarão.

Verônica Santana, da coordenação do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR), lembra que o golpe atingiu de forma muito agressiva as mulheres agricultoras e também por isso aponta como uma data central de construção de unidade das lutas o 8 de março, que se aproxima e que já apontará os primeiros passos para a construção da Marcha das Margaridas 2019. Santana também apresenta o Congresso do Povo, processo articulado nacionalmente pela Frente Brasil Popular como uma oportunidade, “essa é hora de construirmos unidade e o Congresso vai exigir de nós isso”, afirma.

A agricultora quilombola Lourdinha Silva mora em Conceição das Crioulas no município de Salgueiro e para ela a tentativa de inabilitação do ex-presidente Lula é a continuidade do golpe, “a tentativa de condenarem e talvez até prenderem o Lula atinge a cada um de nós, as nossas conquistas desde a terra, o acesso a universidade até aquilo que ainda temos que mudar como por exemplo ter mais canais de venda direta ao consumidor, para evitar atravessadores, mas isso depende também de políticas públicas de governos como foi o de Lula”, finalizou.

Já estamos percebendo a diminuição de espaços de participação da sociedade civil e um movimento ultraliberal de privatizações e isso são efeitos do golpe que o Brasil sofreu”, disse Luciano Marçal, da Ong AS-PTA, relacionando os ataques a democracia brasileira e a agroecologia e também aborda a necessidade da mobilização da sociedade na defesa da democracia. Marçal aponta ainda que “o agronegócio precisa ser entendido como um grande inimigo da sociedade brasileira”, o setor tem sido um dos que mais tem lucrado com a situação política do país

Edição: Brasil de Fato PE