CONGRESSO DO POVO

Pernambuco realiza atividades em defesa de Lula por todo o estado

Do litoral ao sertão, da capital a pequenas cidades do interior, população prepara defesa do ex-presidente

Brasil de Fato | Caruaru (PE) |
Em Caruaru (PE), mais de 400 pessoas se reuniram para planejar a defesa do principal candidato à presidência da República
Em Caruaru (PE), mais de 400 pessoas se reuniram para planejar a defesa do principal candidato à presidência da República - PH Reinaux/Brasil de Fato

No último sábado (7), em São Bernardo do Campo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursava para a multidão de apoiadores e, posteriormente, se apresentava à Polícia Federal. A muitos quilômetros de distância, na cidade de Caruaru, em Pernambuco, mais de 400 pessoas se reuniam para planejar a defesa do principal candidato à presidência da República. Os pernambucanos e pernambucanas já começaram a construir a defesa de Lula por dentro do processo do Congresso do Povo.
Idealizado pelas centenas de organizações que compõem a Frente Brasil Popular em todo o país, o Congresso do Povo é um processo que visa contribuir na formação do povo brasileiro e para o despertar de uma consciência política através das lutas populares. A Frente afirma como um dos objetivos “ajudar a sociedade a entender esse momento político” e desafiar o próprio povo a identificar soluções e a se organizar para construí-las. Para a Frente, o Congresso é “um grande processo pedagógico das massas populares”, necessário porque, de acordo com as organizações, “não há vitória sobre os golpistas sem o protagonismo popular”.
Para o presidente estadual do PT em Pernambuco, Bruno Ribeiro, “o Congresso do Povo será um divisor de águas para as lutas do povo brasileiro”. Segundo ele, o processo desse Congresso está totalmente relacionado à defesa de Lula e é também uma resposta para o golpe. “Quem sofreu o impeachment foi a soberania do povo brasileiro para decidir quem governa e quais os rumos do país. E por isso prenderam o candidato do povo e líder nas pesquisas. Estão tirando do povo o direito de decidir”. E por isso, afirma Ribeiro, “a prisão de Lula precisa nos dar mais combustível para organizarmos e conscientizarmos o povo através desse grande Congresso”.
A camponesa Vani Souza, militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), destaca que as imagens da população defendendo Lula em São Bernardo e nas ruas de todo o país nos mostram que o Congresso do Povo é o caminho para organizar essa indignação. “Os nossos inimigos não contavam com o levante dos pobres, com essa reação dos camponeses e trabalhadores da cidade contra a Globo e seus aliados. E não vamos recuar”, avisou.
Os encontros do Congresso do Povo podem ser realizados em qualquer comunidade, bairro, escola, universidade, igreja ou local de trabalho. E pode ser organizado por qualquer pessoa que queira defender a democracia, os direitos da população e a soberania nacional. A construção está aberta a todos os setores da sociedade: mulheres, negros e negras, LGBTs, sindicalistas, camponeses, quilombolas, indígenas, jovens, organizações religiosas, lideranças comunitárias, grupos de cultura, agentes de saúde etc. Os debates e as pautas tiradas como prioridade nesses debates devem ser levadas para a etapa municipal do Congresso do Povo em sua cidade e, em seguida, para a etapa estadual (que está agendada para o mês de junho). A etapa nacional do grande Congresso do Povo deve ocorrer no Rio de Janeiro, no início do segundo semestre.

Para Jaime Amorim, membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a esquerda deve atuar em três frentes na defesa de Lula. Uma delas é a frente institucional, tentando ganhar o julgamento das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs), no Supremo Tribunal Federal (STF), e tentar manter o ex-presidente em liberdade.
Outra frente é construir ao mesmo tempo que dissemina um outro projeto de nação. “É colocar nosso projeto em disputa. E só há duas propostas: o projeto da burguesia, do neoliberalismo, de retirada de direitos; ou o nosso projeto, de construir um país soberano, com mais dignidade, mais direitos para toda a população”. A terceira frente é a construção e enraizamento da Frente Brasil Popular, construindo dentro dela a unidade das forças de esquerda para conduzir o país. E o Congresso do Povo dialoga com todas essas frentes de atuação na defesa de Lula e do Brasil.
Calendário
Na noite desta quarta-feira (11), o Movimento dos Trabalhadores Cristão (MTC), no centro do Recife, já recebeu uma reunião aberta que definiu algumas atividades do Congresso do Povo nos bairros e universidades para as próximas semanas. Na segunda-feira (16), a reunião será em Jaboatão dos Guararapes, com as organizações sindicais e sociais da cidade para preparar a etapa municipal do Congresso do Povo. Em Olinda o planejamento inclui atividades nos bairros de Rio Doce, Peixinhos, Ouro Preto, Sítio Histórico e Águas Compridas.
Em Igarassu, onde já existe um comitê municipal da Frente Brasil Popular, já tem data definida para o Congresso do Povo: é o sábado 26 de maio. Em São Lourenço da Mata estão sendo preparadas atividades nas escolas. Na cidade de Moreno haverá uma plenária da Frente Brasil Popular com os sindicatos municipais, associações de moradores e diretórios municipais de partidos que compõem a Frente Brasil Popular (PT, PCdoB e PDT).
Na Zona da Mata Norte as reuniões preparatórias começam a ocorrer entre este sábado (14) e o dia 25 de abril. Já estão agendados encontros em Goiana, Itaquitinga, Aliança, Itambé, Paudalho, Nazaré da Mata e Camutanga. Na Zona da Mata Sul haverá uma plenária reunindo, por enquanto, os municípios de Palmares, Tamandaré, Água Preta, Barreiros, Rio Formoso, São José da Coroa Grande e Joaquim Nabuco. Também participam as organizações que compõem o comitê da Frente Brasil Popular da Mata Sul e as demais pessoas que quiserem participar.

No Agreste de Pernambuco as reuniões já começaram. Na terça-feira (10) o comitê da Frente em Caruaru já se reuniu. Neste sábado (14) o encontro é em Garanhuns. Na sexta-feira (20) é a vez de Jataúba. Para o sábado (21) estão agendados encontros em São Joaquim do Monte e São Caetano. No domingo (22) é a vez de Gravatá e Agrestina. Na terça-feira (24) é a vez de Bonito e São Bento do Una.
E no Sertão do estado as atividades estão divididas por sub-regiões. Na região do Vale do São Francisco, nesta quinta-feira (12) já tem reunião no município de Santa Maria da Boa Vista, seguida por atividade em Afrânio (13). Uma reunião da Frente Brasil Popular em Petrolina, para a construção do Congresso municipal, está agendada para a quarta-feira (18). O município de Dormentes recebe sua etapa preparatória para o Congresso do Povo no dia 2 de maio.
No Sertão do Araripe já houve reunião, na última segunda-feira (9), com as organizações que compõem a Frente Brasil Popular no Araripe. E na sexta-feira (20) a cidade de Ouricuri sedia atividades do Congresso. No Sertão do Itaparica o primeiro encontro ocorre neste sábado (14), em Floresta; seguido por Petrolândia (21) e Ibimirim (29). A etapa municipal do Congresso do Povo de Petrolândia já está agendada para o dia 12 de maio.
Na opinião de Thauan Fernandes, militante da União da Juventude Socialista (UJS), “é através do Congresso do Povo que construiremos uma resposta e um projeto de desenvolvimento para a Nação”. Ele afirma que defender Lula é, neste momento, defender o Brasil, porque a prisão de Lula é a tentativa de enfraquecer a reação popular contra o projeto neoliberal em curso no país. “Um novo projeto de nação e a unidade da esquerda nas lutas se fazem ainda mais necessários agora, porque o golpe veio para retirar direitos e massacrar o povo trabalhador. Veio para vender o patrimônio brasileiro e colocar o país novamente de joelhos diante do imperialismo”.
E Tita Carneiro, militante da Marcha Mundial das Mulheres, afirma que “para mudar essa situação não há outra saída que não seja organizar a população para o Congresso do Povo”. Segundo ela, a esquerda já tem conseguido unir movimentos do campo, urbanos, sindical, negros e negras, LGBTs, mulheres e igrejas, “agora precisamos canalizar essas revoltas para essa construção, organizar as revoltas para o Congresso do Povo”. Em sua avaliação, “esse processo é o início de um novo momento histórico para o Brasil”.

Edição: Catarina de Angola