Pernambuco

COMUNICAÇÃO

Brasil de Fato nas ruas é informação e formação partilhada semanalmente em Pernambuco

Distribuído semanalmente em vários municípios de Pernambuco, o jornal abre um diálogo com a população

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Distribuição na Avenida Conde da Boa Vista, um dos pontos mais movimentados do Recife
Distribuição na Avenida Conde da Boa Vista, um dos pontos mais movimentados do Recife - Rani de Mendonça

- “Essa moça entende de política que só, né?”
- “E ela defende quem?”
- “Lula”.
- “Ainda bem!”, expressa a moça que chegou logo depois de muita prosa, afirmando também com a cabeça esperança e o alívio daquela informação.

Foi esse o diálogo entre duas mulheres que estavam há pouco mais de 20 minutos conversando com Maiara Nogueira, militante da Consulta Popular e uma das pessoas que distribui o jornal Brasil de Fato todas as sextas-feiras, na capital pernambucana. Mayara divide a entrega de 2.800 exemplares do tablóide com Arlon da Silva, do MST. Eles chegam sempre às 10h da sexta-feira, na esquina da rua Sete de Setembro com a Conde da Boa Vista – uma das mais movimentadas do centro da cidade. A conversa é retrato do que o Brasil de Fato representa, não somente informação por informação, mas também formação política e identidade popular. 

A última sexta-feira amanheceu com muita chuva. O dia estava cinzento, até às 9h da manhã. Depois disso, abriu um sol bastante conhecido pelos recifenses. O centro da cidade estava em transe, em suas atividades normais. Muita gente trafegando entre as lojas, os pontos de ônibus e ambulantes. Até que chega a equipe do jornal, se organiza e começa a distribuir. Logo se forma uma roda ao redor de Maiara, com todas as dúvidas e angustias sobre o caso Lula. Não é estranho ouvir “meu voto é dele”, “mesmo ele preso, é nele que eu vou votar” e outros. Tive o prazer de acompanhar a distribuição do especial de Lula. Na capa escancarado a foto do presidente sendo carregado por milhares de pessoas em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, no ABC, minutos antes dele se apresentar à Polícia Federal. A manchete do jornal é convidativa e diz “Sejamos a voz e o coração de Lula”. 

Segundo Maiara, “quando tem Lula na capa é muito mais fácil de distribuir, porque as pessoas querem saber dele”, conta. E dessa vez foi comprovado: o que normalmente leva uma hora ou mais para que sejam distribuídos todos os exemplares, dessa vez em 40 minutos foram suficientes. Todos os exemplares foram entregues às pessoas que passavam por ali. Até os que passavam mais longe também quiseram pegar, como foi o caso de um motorista de ônibus que buzinou, buzinou e pediu um jornal. Seu Orlando Fernandes, aposentado de 70 anos, já sabe a hora certa de ir no ponto de distribuição pegar seus jornais. Ele vai lá todas as sextas-feiras e ainda leva mais de um, que é para entregar aos vizinhos.” Acho muito importante ler o Brasil de Fato, porque é mais informativo. A Globo quer colocar na cabeça de todo mundo que Lula é ladrão. Enquanto isso eu só vejo o povo aqui na rua dizendo que vai votar nele ou em quem ele mandar”, afirma Orlando.

Arlon Silva, que distribui o Brasil de Fato desde sua chegada em Pernambuco, conta que é muito prazeroso essa atividade, principalmente pelo contato com tantas pessoas. “Aqui a gente ouve de tudo. Tem gente que insulta a gente, mas tem muito mais que nos procura pra incentivar e pegar o jornal. Somos bastante procurados pelos motoristas, que levam o jornal para ler nas pausas nos terminais, pelos vendedores das lojas e pelos trabalhadores informais”, conta. “Entregar o Brasil de Fato não é só entregar um jornal, porque as pessoas param para conversar, pedem mais jornais para levar. É muito traficante levar a informação para os trabalhares”, afirma Maiara Nogueira.

Os pontos de distribuição são definidos através do grande número de pessoas circulando. No Recife são distribuídos no: Derby, Conde da Boa Vista, Estações de Camaragibe, Central e Joana Bezerra. São 17 pontos físicos, entre eles, a sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Centro Cultural Luiz Freire e o Centro Sabiá.

Edição: Catarina de Angola