Rio de Janeiro

MOBILIDADE URBANA

No Rio, evento promove o uso da bicicleta como meio de transporte

Política de redução da velocidade será um dos temas de debate no Bicicultura

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Bicicleta é cada vez mais usada como meio de transporte no Brasil
Bicicleta é cada vez mais usada como meio de transporte no Brasil - Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Entre os dias 8 e 10 de junho, a cidade do Rio de Janeiro recebe o mais amplo encontro anual de ciclomobilidade do Brasil, o Bicicultura. O evento ocorre no Museu do Amanhã, na região central do Rio. Para conhecer mais sobre o encontro e as atividades, o Brasil de Fato conversou com Zé Lobo, da ONG Transporte Ativo e também um dos organizadores da iniciativa.

Brasil de Fato: O que é o Bicicultura, qual é a proposta desse evento e as atividades que ele reúne?

Zé Lobo: O Bicicultura é um evento da União de Ciclistas do Brasil (UCB), que é uma organização que congrega instituições do país inteiro e acontece anualmente, cada vez numa cidade diferente e organizado por grupos locais. O objetivo é juntar todo mundo que está promovendo a bicicleta no país para ver o que está dando certo e o que dando errado para podermos qualificar as propostas dessas instituições e seguir adiante fazendo um trabalho mais encorpado com o melhor dos resultados.

E dentro da programação há algumas atividades bem interessantes como o debate sobre a política de redução da velocidade. Qual a importância que você vê dentro desse tema hoje, principalmente falando numa realidade mais do Rio de Janeiro, em que cada vez mais pessoas estão utilizando a bicicleta para se deslocar pela cidade?

Esse uso da bicicleta vem crescendo muito no mundo inteiro, é um fenômeno mundial. O Brasil está neste movimento.Todas as grandes cidades têm tido, por diferentes motivos, cada vez mais pessoas andando de bicicleta. O grande problema da insegurança do ciclista é a velocidade com que os carros circulam. Em muitos países do norte da Europa onde as principais áreas da cidade, áreas centrais, de trabalho, a velocidade máxima é 30km/h, pois esta velocidade é compatível com a bicicleta. Se você tiver um acidente, o ciclista vai sair ferido e não morto como num acidente em alta velocidade. É muito importante que se reduza a velocidade nas cidades, para fazer com que o trânsito flua melhor e você tenha uma segurança maior.Tem uma questão que se coloca: como eu vou andar mais devagar e o trânsito vai fluir melhor? Isso é uma coisa muito curiosa que acontece. Quando você tem as velocidades altas, há mais acidentes, disputa por espaço. Em todas as cidades que reduziram a velocidade, o trânsito ficou bem mais calmo e tranquilo e acaba que como resultado disso, as pessoas conseguem atingir o seu destino final num tempo menor.

Muitas pessoas têm vontade de utilizar a bicicleta para se deslocar pela cidade, mas acabam tendo medo. Qual dica você costuma dar para as pessoas que estão ingressando nesse universo da bicicleta como meio de transporte? Como se manter mais seguro no trânsito?

Muita gente gostaria e não usa ainda justamente por causa dessas velocidades altas e o perigo que o trânsito pode representar. A dica que eu costumo dar para quem me pergunta é: se você quer ir para o trabalho de bicicleta, vai num domingo, onde as ruas estão mais vazias e não têm trânsito, ande devagar, olhando quais os buracos que têm no caminho, os cruzamentos que são mais perigosos. Para você compreender melhor aquele caminho é bom estar com a bicicleta em condições, funcionando perfeitamente, conhecer o código de trânsito porque tem muitas regras que quanto mais o ciclista seguir, mais seguro ele vai estar. Se você não está seguro, uma opção também é procurar um amigo que já faça esse percurso, ou que ande de bicicleta, ou procurar um bike anjo que é uma organização que ensina as pessoas a andarem de bicicleta. É interessante porque normalmente depois que a pessoa começa, ela vai ganhando preparo físico e passa a ir mais longe com a bicicleta e ganha confiança e vê que aquele medo inicial é muito mais psicológico do que real.

Edição: Vivian Virissimo