Pernambuco

ELEIÇÕES 2018

Para derrotar o golpe, MST declara apoio a Paulo Câmara em Pernambuco

Os Sem Terra estão contra a chapa de Armando Monteiro, Mendonça e Bruno Araújo, que representariam retrocessos

Brasil de Fato | Caruaru (PE) |
Para Jaime Amorim, os principais adversários do povo pernambucano estão reunidos na chapa encabeçada por Armando Monteiro
Para Jaime Amorim, os principais adversários do povo pernambucano estão reunidos na chapa encabeçada por Armando Monteiro - Andréa Rego Barros/PSB

Nesta segunda-feira (10) o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Pernambuco realizou encontro no Assentamento Normandia, em Caruaru, com a presença do governador Paulo Câmara (PSB), da deputada e candidata a vice Luciana Santos (PCdoB), do senador Humberto Costa (PT) e outras figuras da coligação Frente Popular de Pernambuco. No encontro, o MST oficializou o apoio do movimento à reeleição de Camara, que por sua vez se comprometeu com demandas dos sem terra nas áreas de saúde, educação, cultura e reforma agrária.
No documento divulgado pelo movimento, o MST espera que as forças políticas que integram a Frente Popular aprofundem o “compromisso com o desenvolvimento da agricultura camponesa e com a reforma agrária”. A carta lembra ainda que o MST está “seguindo a aliança nacional da campanha Lula Presidente”, representada no estado pela chapa que une PSB, PCdoB e PT.
Por parte da gestão Paulo Câmara, ficou a promessa de incorporar na próxima gestão do Governo do Estado demandas dos trabalhadores rurais, criando dentro da Secretaria de Educação uma secretaria executiva de Educação no Campo, em substituição a atual gerência; nas áreas de Saúde e Cultura as respectivas secretarias devem abarcar gerências de Cultura do Campo e Saúde do Campo. Além dos três órgãos, o governador se comprometeu com a criação de uma Secretaria de Desenvolvimento Rural e Reforma Agrária. “A criação da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Reforma Agrária será o primeiro ato do nosso futuro governo”, prometeu Paulo Câmara. “A gente sai daqui com muito mais responsabilidade, mas sabendo que tudo com o que nos comprometemos é possível ser feito e será feito”, reafirmou.
Na análise do MST, cuja fala coube a Jaime Amorim, a eleição que se avizinha tem papel relevante na luta de classes, representando uma possibilidade de “derrotar o golpe”. “A direita conservadora quer assumir o Governo de Pernambuco. E precisamos impedir mais esse retrocesso”, alertou, em referência à chapa encabeçada por Armando Monteiro (PTB). “Viveremos momentos difíceis pela frente, mas também é um momento bom para fazer política, porque fica claro quem são os inimigos e quem são os aliados com quem podemos contar”. Sobre as críticas que podem vir de organizações de esquerda que no último período fizeram oposição ao PSB, Jaime resumiu: “quem sai na frente está colocando a cara à tapa – e nós estamos saindo na frente. A cada momento novo precisamos olhar a conjuntura e saber nos posicionar”.
O dirigente do MST também destacou que este não será um apoio “da boca para fora”. “Quando assumimos uma tarefa, assumimos ela de verdade, com unhas e dentes, para garantir que ela não seja só uma decisão da direção. Vamos transformar esta decisão num grande movimento de massa nesse mês [que resta até o dia 7 de outubro]”, disse Amorim. O movimento se comprometeu em realizar 32 plenárias regionais nas próximas semanas para impulsionar a campanha de Paulo Câmara e conquistar votos. “Leve daqui a certeza de que seremos bons combatentes, para transformar essas eleições num momento tático importante de derrota do golpe e de construção de um novo momento político em Pernambuco e no Brasil”, disse Jaime a Paulo Câmara.

O governador, por sua vez, agradeceu e comemorou o “realinhamento da esquerda” no estado. “É uma honra estarmos recebendo esse apoio do MST, que vai além das eleições, pois será fundamental para governar Pernambuco nos próximos 4 anos”, disse Câmara. “Esse realinhamento do campo da esquerda, unindo PT, PCdoB e PSB, tem um objetivo muito claro, que é fazer Pernambuco andar para frente, apesar de todos os desafios”, completou o governador. Ele destacou programas de seu governo voltados para a população do campo, como a ampliação do abastecimento de água através de adutoras, a assistência rural, a regularização de terras, mas ponderou que “ainda temos muito o que fazer”.
Câmara também criticou o Governo Federal, afirmando que Temer é “um presidente sem nenhum compromisso com o Brasil e com o Nordeste”, dizendo ainda que Pernambuco teria sofrido perseguição. Neste cenário, a volta da aliança entre PSB, PT e PCdoB seria também “o compromisso de ajudar o Brasil a ser feliz de novo, elegendo o presidente Lula e Haddad”, completou o governador.
Lula, Haddad e o Congresso Nacional
No ato o MST também reafirmou seu compromisso com as reeleições do senador Humberto Costa e da deputada estadual Teresa Leitão, além de empenho em eleger Carlos Veras à Câmara Federal e Doriel Barros à Assembleia Legislativa de Pernambuco. Todos são filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT). Também do PT foram lembrados como companheiros do MST a vereadora de Petrolina Cristina Costa, candidata a deputada estadual; a vereadora do Recife Marília Arraes, candidata a deputada federal; o ex-deputado federal e candidato Fernando Ferro. Além deles, também foram citados como companheiros e aliados os demais candidatos do PT, do PCdoB, PSOL, PDT e PCO.
Jaime destacou, no entanto, que a grande prioridade do MST “é lutar pela liberdade de Lula e para que ele tenha condições de ser candidato”. Mas avaliou as dificuldades e como agir diante delas. “Se a elite golpista, através do Poder Judiciário, impedir a candidatura de Lula, ele não estará sozinho, pois será representado por milhões de brasileiros”. E determinou: “e então a tarefa de cada um de nós será fazer as pessoas se sentirem representadas na figura que Lula indicar, que a priori é Fernando Haddad”.
“Violência gera violência”
Sobre o ataque sofrido por Jair Bolsonaro (PSL) no último dia 6, o dirigente do MST disse não ser a favor da violência, mas ponderou que o candidato “colheu o que plantou”. “Nós camponeses costumamos dizer uma coisa: quando a gente planta milho, nós esperamos colher milho. Se plantamos feijão, esperamos colher feijão. Então, Bolsonaro, você durante toda a vida pregou a violência, dizendo que vai matar sem terra, que é para matar ‘os petralhas’. E violência gera violência. Se quiser colher paz, que plante a paz”, sugeriu. “Não quero a morte de ninguém, mas também não tenho pena nenhuma. Contra a violência dele nós vamos pregar a paz”.
O documento do MST diz ainda que o movimento luta por uma política econômica que melhore a vida do povo, “com garantias de trabalho, educação, saúde, transporte, habitação, programas contra a violência, investimentos na agricultura camponesa, programas de apoio à população do Semiárido e recuperação de políticas públicas para crianças, mulheres, povo negro, LGBTs, idosos e jovens”. Estiveram presentes ainda o presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Pernambuco (Fetape), Doriel Barros; o deputado federal Wolney Queiroz (PDT); e outros integrantes do PDT e cargos de confiança do Governo do Estado.

Edição: Monyse Ravena