Pernambuco

ELEIÇÕES

No Recife, Ciro promete Brasil de classe média dentro de 20 anos

Em passagem pela capital pernambucana, candidato do PDT pede militância atuante e paciente

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Ciro Gomes pediu às cerca de mil pessoas presentes que "sejam militantes" para conseguirem levá-lo ao segundo turno
Ciro Gomes pediu às cerca de mil pessoas presentes que "sejam militantes" para conseguirem levá-lo ao segundo turno - Comunicação PDT

Neste domingo (23) foi a vez do presidenciável Ciro Gomes (PDT) passar pelo Recife. Durante a tarde, Ciro buscou principalmente animar a militância e derramou muito material de campanha para ser distribuído. O candidato chegou ao Recife no início da tarde, participou de momento breve no Colégio Auxiliadora, no Derby, onde falou para um auditório com mais de 500 pessoas. Como havia muita gente de fora, o ato político foi deslocado para o comitê de Túlio Gadêlha, candidato a deputado federal pelo PDT.

O candidato lamentou que o Brasil esteja vivendo "a maior crise de sua história". "São 62 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, tendo que passar o mês com menos de R$152", queixou-se. E disse que o Brasil tem riquezas demais e não deveria estar nesta situação. "Somos um país que tem todas as riquezas que o mundo estrangeiro cobiça", citando o petróleo, a água e as terras cultiváveis. "Só de petróleo dá mais de R$20 trilhões, dinheiro suficiente para fazer do Brasil uma grande nação de classe média dentro de 15 a 20 anos". Ele ponderou, no entanto, que para isso acontecer o dinheiro precisaria ser aplicado "de forma correta", citando as áreas de educação, qualificação profissional, inovação e indústria 4.0.

Em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, Ciro Gomes pediu às cerca de mil pessoas presentes que "sejam militantes" para conseguirem levá-lo ao segundo turno. "É preciso ir pra porta da escola, botar adesivo, pegar bandeira, ir para o boca a boca. Tem que ser militante", disse. E disse aos seus eleitores que é preciso ser paciente com os eleitores do candidato Jair Bolsonaro (PSL). "É revolta muita que eles têm. E muita minhoca na cabeça também. Mas precisamos convencê-lo, com opinião, projeto de país", disse.

Já contra o próprio candidato e seu vice, a promessa não é de paciência. Num momento, enquanto falava sobre o que chamou de ressurgimento do fascismo no Brasil, Ciro Gomes disparou contra Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão (PRTB). "Mourão, você é um jumento de carga, sim", bradou. "Não dá para deixar por menos. Elogiar um vagabundo como esse Brilhante Ustra [como Bolsonaro fez], que torturava mulheres diante de suas crianças, é um doente, um otário, que precisa ser denunciado com todo deboche possível", disparou, como de costume.

Tentando disputar os votos da esquerda, Ciro afirmou que conhece mais o Nordeste que o candidato do PT, Fernando Haddad. "Mas isso não é defeito pessoal dele, não. É apenas falta de experiência. Nada que um tempinho a mais na estrada não resolva. Mas no meio da pior crise da história do Brasil, não temos tempo". No Nordeste, o candidato tem moldado o discurso para conquistar eleitores de Lula que não migraram o voto para Haddad. "Se Lula fosse candidato, tudo bem, mais cedo ou mais tarde estaríamos resolvidos", disse.

E fez um alerta que talvez sirva para um segundo, caso ele não esteja. "Em todas as eleições de Lula eu votei nele, inclusive em Dilma, já chateado com tudo, mas votei. Porque a política é defender um lado sim, mas às vezes é mais para vencer um lado que não presta. E estou seguro que o lado do PSDB não presta, por isso está aí desmoralizado, mas produziu esse fascismo que está aí", afirmou, colocando Bolsonaro como fruto do PSDB.

Num certo momento, ao lado de seu apoiador e candidato ao Governo de Pernambuco Maurício Rands (PROS), o presidenciável Ciro Gomes chamou o governador Paulo Câmara de "golpista". E disparou: "eu não aceito apoio de golpista", mas caiu em contradição logo em seguida. "O PT tirou Marília Arraes na marra só para eu não ter o apoio do PSB". Além de tentar aliança com o PSB, Ciro Gomes também buscou construir alianças com o bloco de partidos autodenominado "centrão", que conta com o DEM, PRB, PP, SD, PHS e outros partidos que também votaram a favor do golpe que derrubou Dilma Rousseff (PT).

Acompanharam Ciro o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi; o candidato a governador Maurício Rands (PROS); os candidatos a deputado federal e estadual, Túlio Gadêlha (PDT) e Zé Queiroz (PDT).

Edição: Monyse Ravena