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Artigo | As arquibancadas são dos trabalhadores

Política e futebol se misturam sim, e não é de hoje

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Assim como em todos os ambientes aos quais pertencemos, existe uma disputa de ideias e concepções de mundo também dentro do futebol
Assim como em todos os ambientes aos quais pertencemos, existe uma disputa de ideias e concepções de mundo também dentro do futebol - Divulgação

Muito tem se dito que futebol e política não devem se misturar. Essa declaração mostra o quanto não se dá valor ao principal patrimônio do futebol: os torcedores e suas expressões nas arquibancadas no Brasil e no mundo. 

Não é de hoje que futebol e política pertencem ao mesmo ambiente, desde o início do futebol profissional e também anteriormente no futebol amador, questões políticas são levadas a campo e, principalmente, para as arquibancadas. 

Assim como em todos os ambientes aos quais pertencemos, existe uma disputa de ideias e concepções de mundo também dentro do futebol e nas suas arquibancadas. Na Europa, por exemplo, torcidas pregam a liberdade e são contra a intolerância nos estádios já há décadas. É o caso da torcida do Livorno, da Itália, declaradamente socialista e antifascista, ou do St. Pauli, na Alemanha, que foi o primeiro clube a ter um presidente assumidamente homossexual e a colocar em seu estatuto ser um time  antinazista, antirracista e anti-homofóbico. 

No Brasil, desde meados de 2017, há uma maior mobilização de frentes antifascistas dentro dos estádios. Essas posições de grupos de torcedores, organizados ou não, se tornam cada dia mais importantes na luta pela democracia e contra os discursos de ódio presentes na sociedade brasileira e que muitas vezes são demonstradas em cânticos dentro dos estádios. 

Assim como a rua é do povo, os estádios também são e devem ser disputados e ocupados pelos trabalhadores e trabalhadoras. Afinal, futebol nunca foi, e nem será, somente um jogo de 90 minutos, e sim, uma expressão da cultura brasileira e sua diversidade. 

 

*Cauê Uflacker é historiador 

Edição: Laís Melo