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Jornalista lança livro sobre produção cultural em Pernambuco

Mariana Reis estudou o grupo Cabras de Lampião, de Serra Talhada

Brasil de Fato | Petrolina (PE) |
O livro é resultado da pesquisa do mestrado da jornalista
O livro é resultado da pesquisa do mestrado da jornalista - Reprodução

Lançando em dezembro de 2018, o livro “Comunicação, cultura popular e mobilização comunitária” é fruto da pesquisa de mestrado da jornalista Mariana Reis. O livro faz uma análise dos pontos de cultura e como eles se relacionam, formando uma rede a partir de estratégias de comunicação e auto sustentação. A pesquisa aprofunda o estudo do Ponto de Cultura Cabras de Lampião, que fica na cidade de Serra Talhada, no Sertão do Pajeú.
O Cabras de Lampião, grupo que existe desde 1995, atravessou períodos alternados de desmonte e valorização das políticas governamentais de cultura, resistindo até hoje. O grupo trabalha com música e dança, especialmente o xaxado, ritmo criado pelos cangaceiros que viveram no sertão por volta da década de 1920 e 1930. O Cabras de Lampião é uma referência para a cultura do Pajeú, organizando festivais de arte do cangaço e xaxado, fomentando o turismo comunitário na região e preservando a memória com o Museu do Cangaço. 
Esse não é o primeiro livro de Mariana. Sua primeira produção foi o trabalho de conclusão de curso da graduação em jornalismo. “Dia de Negro” é um livro-reportagem sobre a Terça Negra, uma manifestação cultural afropernambucana que acontece no Recife. Publicado em 2012 com apoio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), o livro teve exemplares doados para pontos de cultura e bibliotecas públicas da cidade e pode ser encontrado para venda a preços populares. Para Mariana, o tema tem uma relação grande com sua rotina como frequentadora das Terças Negras “É um livro que me dá muita satisfação, porque foi feito a partir da minha experiência como frequentadora da festividade e até hoje é um livro que abre portas para mim”, relembra. 
“Dia de Negro” ajuda a pensar a cena do movimento negro em Pernambuco nos anos 2000 e também no espaço de resistência da comunidade negra no Pátio de São Pedro, no centro do Recife, onde diversos grupos periféricos de afoxé, coco, reggae e maracatu se juntavam para trocar experiências, não apenas do ponto de vista da produção cultural, mas também de forma política, reafirmando suas identidades, o local de onde vieram, suas religiões e vários outros aspectos relacionados a essa população. 
No novo livro, Mariana reforça a importância das políticas culturais para incentivar e valorizar a produção cultural, mas também enfatiza os processos de auto sustentação criados e utilizados pelos próprios grupos. “Nenhum grupo vai sobreviver se ele depender só de uma política, ele tem que pensar em várias outras formas de se sustentar. É a partir daí que entra por exemplo, a economia criativa, e o grupo é bem exitoso nisso”. É nessa relação que envolve comunicação, cultura e estratégias de resistência que os grupos formas redes de articulação físicas e virtuais, onde um grupo acaba ajudando na sobrevivência do outro.
“Dia de negro” e “Comunicação, cultura popular e mobilização comunitária” podem ser encontrado a preços populares nas principais livrarias físicas ou na internet.  “Comunicação, cultura popular e mobilização comunitária” possui também uma versão digital em e-book, com baixo custo. A ideia é alcançar um público além da Academia. A expectativa agora vem com a pesquisa do doutorado, “Arranjos de mídias alternativas”, um estudo das novas formas de organização do trabalho na área da comunicação em Pernambuco e na Bahia. 

Edição: Monyse Ravenna