LEITURA

Expressão Popular: 20 anos contribuindo para a formação política no Brasil

Com o Clube do Livro, editora pretende chegar até mais pessoas e formar rede de leitores

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Editora aposta em preços baixos para auxiliar na formação política e intelectual da classe trabalhadora
Editora aposta em preços baixos para auxiliar na formação política e intelectual da classe trabalhadora - Expressão Popular/Reprodução

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Uma editora com a missão de fornecer subsídio político e ideológico para formar a militância e a classe trabalhadora com livros a preços justos. É com essa proposta que nasce a Expressão Popular, em 1999, a partir da iniciativa de “lutadores do povo” que, após a campanha de construção da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), fundaram a iniciativa. Em 2019, a editora completa 20 anos de luta ao lado do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de outros movimentos populares.

“A Expressão Popular só tem sentido se contribuir para a formação de um militante entendido em todas as suas necessidades, desde a formação humana até a capacitação intelectual e política”, afirma Carlos Bellé, cuja história se mistura com a trajetória da editora, já que ajudou a fundá-la.

Para apoiar militantes e trabalhadores que querem aprimorar suas formações, um de seus objetivos é ter preços acessíveis. Para isso, contam muitas vezes com a isenção dos direitos autorais por parte de autores que se identificam com a missão da editora e querem contribuir para um projeto de transformação social.

Ao longo de seu percurso, a Expressão Popular atravessou diferentes momentos de turbulência política, sempre dando sua contribuição na disputa de ideias. Quando ela nasceu, o Brasil passava pelo governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e a esquerda encarava um declínio no cenário mundial representada pela queda do Muro de Berlim.

Posteriormente, durante os governos petistas (2003-2015), teve o papel de debater e ajudar a compreender o modelo de atuação política, apontando temas para a discussão com a militância.

Mais recentemente, enfrentou o golpe contra Dilma Rousseff (PT) e encara agora o governo de Jair Bolsonaro (PSL), que tem como marcas o forte envolvimento com o capital financeiro e pouco espaço para as mudanças sociais.

A editora esteve presente na 2° Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada  em São Paulo, em maio - Créditos: Rica Retamal/Brasil de Fato

Banca da Expressão Popular na II Feira Nacional da Reforma Agrária (Rica Retamal/Brasil de Fato)

“A nossa militância precisa ler para entender o momento atual, se organizar melhor, desenvolver melhor a luta e projetar uma sociedade alternativa e socialista”, afirma Bellé.

Para atender a essa demanda, a editora se molda de acordo com os períodos históricos que a classe trabalhadora enfrenta. Segundo Miguel Yoshida, coordenador editorial, o processo de escolha dos temas trabalhados é guiado pelos eixos da compreensão da luta de classes contemporânea, da agroecologia, da pedagogia socialista, que abarca as experiências de educação, cultura e literatura emancipadoras ao longo da história, e, por último, da publicação de livros clássicos marxistas de diversos campos do pensamento. De acordo com Yoshida, a Expressão Popular conta com uma rede de solidariedade que, desde o momento da sua fundação, se manifesta nas mais diversas colaborações — desde as revisões até a diagramação das produções editoriais

Atualmente, a editora conta com 587 títulos, 150 pontos de distribuição em todo o país, e segue com sua missão de expandir o alcance para chegar a cada vez mais trabalhadoras e trabalhadores, promovendo um “enraizamento” da editora.

Nesse sentido, nasce em junho de 2017 o Clube do Livro, com a intenção de formar uma rede de leitores que tenham o acesso mensal a títulos, a partir de uma assinatura fixa mensal, a fim de enriquecer os debates políticos sobre a conjuntura. “O Clube é um grande instrumento de formação política em termos de Brasil”, afirma Bellé.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira