Monólogo

Moro apresenta pacote "anticrime" na Câmara; deputados não puderam fazer perguntas

Marcelo Freixo (PSOL) entregou o relatório da CPI das Milícias ao ministro da Justiça do governo Bolsonaro (PSL)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Moro não permitiu que parlamentares questionassem o pacote "anticrime"
Moro não permitiu que parlamentares questionassem o pacote "anticrime" - Marcelo Camargo / Agência Brasil

O ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, apresentou o pacote intitulado "anticrime" nesta quarta-feira (6) à Câmara dos Deputados. Os parlamentares não puderam fazer questionamentos ao projeto -- que foi criticado por especialistas pelo potencial de elevação nos índices de encarceramento e letalidade policial.

Depois do encontro, deputados federais de oposição ao governo Bolsonaro (PSL) utilizaram as redes sociais para criticar a falta de diálogo entre o ministro e os parlamentares. 

"A posição de Moro é de grave constrangimento. O presidente e seu filho atolados na corrupção, três ministros com graves denúncias. Em sua primeira ida à Câmara, nega-se a responder perguntas, tenta fugir da realidade. Não dá. Sua máscara caiu", criticou o deputado federal Jorge Solla (PT-BA), pelo Twitter.

Marcelo Freixo (PSOL-RJ) utilizou a mesma rede para postar um vídeo em que entrega ao ex-juiz Sergio Moro o relatório da CPI das Milícias, produzido há dez anos, no Rio de Janeiro. "Fomos impedidos de fazer pergunta durante a audiência com o ministro Moro sobre o pacote anticrime. (...) Estamos abertos para dialogar e fazer um debate sério sobre Segurança Pública", finalizou.

Mais cedo, ao Brasil de Fato, o parlamentar disse que "Moro trata as milícias de forma superficial ao equipará-las às facções de narcotraficantes".

Questionado por jornalistas sobre o "monólogo", Moro disse que o diálogo está aberto em outras instâncias: "Há sugestões pertinentes e esperamos sugestões relevantes da população, da sociedade civil, da imprensa".

Em 2017, as polícias brasileiras foram responsáveis por 5.144 mortes, uma média de 14 por dia, segundo os dados mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número corresponde a um aumento de 20% com relação a 2016. No mesmo período, foram 367 policiais mortos, 5% a menos do que no ano anterior

Edição: Daniel Giovanaz