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Com reitor eleito, UFPE aguarda nomeação do Governo Federal

Lista tríplice encabeçada por Alfredo Gomes deve ser enviada ao MEC no início de julho

Brasil de Fato | Recife (PE) |
 A chapa batizada de “MUDE – Movimento União, Democracia e Excelência” obteve 7.949 votos e foi vencedora com 53,65% dos votos válidos
A chapa batizada de “MUDE – Movimento União, Democracia e Excelência” obteve 7.949 votos e foi vencedora com 53,65% dos votos válidos - Divulgação

No mês de junho a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) elegeu o educador Alfredo Macedo Gomes para assumir o cargo de reitor no quadriênio 2019-2023, tendo como vice Moacyr Cunha de Araújo Filho. A chapa batizada de “MUDE – Movimento União, Democracia e Excelência” obteve 7.949 votos e foi vencedora nos três segmentos (docentes, técnicos administrativos e estudantes), somando 53,65% dos votos válidos. 

Agora o Conselho Universitário da UFPE elaborará uma lista com três nomes e encaminhará para o Ministério da Educação (MEC). O Governo Federal tem o poder de nomear o reitor. No próximo dia 2 de julho o Conselho Universitário deve se reunir para definir uma nova data - prevista para a segunda quinzena de julho - na qual o Conselho monta a lista tríplice a ser enviada ao Governo Federal. A lista deve conter, além do nome de Alfredo Gomes (eleito pela comunidade acadêmica), outros dois docentes escolhidos pelo Conselho Universitário. O Ministério da Educação recebe a lista e o presidente da República nomeia o reitor.

Desde o fim da Ditadura Militar o governo brasileiro tem adotado a prática de nomear o docente eleito pela comunidade acadêmica, uma forma de demonstrar respeito à autonomia universitária. Mas, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), durante a eleição de 2018, sinalizou que não manteria a prática. A nomeação dos reitores eleitos nas universidades federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Rio de Janeiro (UFRJ) foi recebida de forma positiva pelas comunidades acadêmicas. Por outro lado, Bolsonaro tem adotado a prática da gerência provisória, onde Universidades aguardam meses a nomeação de reitores  já que aguardam nomeação de reitores como foi o caso das federais do Triângulo Mineiro (UFTM), da Integração Latino-americana (Unila) e do Cariri (UFCA).

No último dia 11, Bolsonaro nomeou para a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), no Mato Grosso do Sul, sua primeira interventora: Mirlene Damázio, que participou da campanha de uma chapa conservadora derrotada na votação. O nome da docente sequer estava na lista tríplice enviada pela UFGD para o MEC, mas acabou nomeada como "reitora temporária", colocando como vice-reitor o docente Luciano Geisenhoff, apoiador declarado de Jair Bolsonaro.

Eleição na UFPE
O primeiro turno da eleição foi realizado no dia 29 de maio, quando a chapa de Alfredo e Moacyr alcançou 36% dos votos válidos, seguidos por Jerônimo Libonati (31,3%), Florisbela Campos (20,1%), a chapa coletiva Movimenta (7,9%) e Edílson Fernandes (4,5%). No segundo turno, realizado em 12 de junho, Alfredo e Moacyr alcançaram 53,65% dos votos válidos, contra 46,35% de Jerônimo Libonati.

A comunidade acadêmica da UFPE é composta por aproximadamente 50 mil pessoas, das quais 43.500 têm direito a voto. São 2.800 professores, 4 mil servidores técnicos administrativos, além de trabalhadores terceirizados - estes sem direito a voto. Nas graduações dos três campi - Recife, Vitória de Santo Antão (CAV) e Agreste (CAA) - estudam mais de 30 mil pessoas, além de quase 13 mil estudantes de mestrado e doutorado.

Os votos de cada grupo que compõe a comunidade acadêmica possuem pesos diferentes. O voto de um estudante e de um técnico possui peso 1,5 cada, enquanto o voto de um professor tem peso 7. Ou seja: o total de votos dos professores corresponde a 70%, enquanto os estudantes são 15% e os técnicos 15%.

Perfil
Alfredo Gomes é graduado em psicologia (1990) e mestre em sociologia (1995), ambos pela UFPE. Ele fez seu doutorado em educação (PhD) pela University of Bristol (2000), no Reino Unido, tendo retornado à mesma instituição para um estágio pós-doutoral junto ao Centre for Globalization, Societies and Education (2010-11). Ele é docente no Centro de Educação (CE), onde também é diretor. Já Moacyr Cunha é graduado em Engenharia Civil pela UFPE (1985), com mestrado em Hidráulica e Saneamento pela USP (1991) e doutorado em física e química ambientais pelo Institut National Polytechnique de Tolouse, na França (1996). Ele é docente do Departamento de Oceanografia.

Edição: Monyse Ravenna