Coluna

O combate ao sarampo não pode depender apenas de apelos individuais

Imagem de perfil do Colunistaesd
Alguns países que iniciaram o ano liderando os casos da doença estão apresentando números melhores por meio de campanhas de vacinação
Alguns países que iniciaram o ano liderando os casos da doença estão apresentando números melhores por meio de campanhas de vacinação - EBC
Em 2017 o Sarampo foi responsável por 110.000 mortes em todo o mundo

Esta semana o Ministério da Saúde divulgou um balanço do Sarampo no Brasil. Até o dia 18 de agosto, tivemos 1.845 casos notificados desta doença em nosso país. Diferente dos casos notificados em 2018, que estavam sendo associados à crise migratória na região norte, desta vez a imensa maioria dos casos são no estado de São Paulo. Para ser mais exato, 98,9% dos casos. Mas já são 88 municípios com notificação e presentes em todas as regiões.
Para se ter uma ideia da gravidade, é preciso ter em mente que em 2017 o Sarampo foi responsável por 110.000 mortes em todo o mundo. Mas grande parte de nós, inclusive profissionais da minha geração, só conhecemos a doença por livros. Eu nunca vi ninguém com esta doença. E isso faz todo o sentido, afinal desde 2016 nós tínhamos recebido o certificado da Organização Panamericana de Saúde de país livre do sarampo. Desde 2000, para ser exato, não apresentávamos mais casos de adoecimento contraído no próprio país.
Quero deixar bem evidente que este é um problema mundial e não está acontecendo apenas no Brasil. Em 2019, nos primeiros sete meses, nós temos dados preliminares que apontam mais de 364 mil casos da doença. É um número cerca de três vezes maior que o número de casos para o mesmo período em 2018. 
Entretanto, apontar que este surto é global, não exime as responsabilidades do poder público e da sociedade em nosso próprio país. O combate ao sarampo e a qualquer outra doença infectocontagiosa não pode depender apenas de apelos individuais. Ou se investe em políticas públicas ou estaremos condenados de vez a mergulhar numa crise cada vez maior. Alguns países que iniciaram o ano liderando os casos da doença estão apresentando números bem melhores por meio de campanhas massivas de vacinação da população. Este é o caminho. E o Brasil segue abaixo da meta de vacinação ideal que é de 95%.
Sarampo é uma doença muito perigosa e pode matar, por isso todo cuidado é essencial. Crianças de 6 a 12 meses devem ser levadas a postos de saúde para vacinação, numa dose além das que já estão previstas no calendário vacinal. Mas, adultos também devem estar atentos e tirar suas carteiras de vacinação do fundo do armário. Especialmente os que possuem até 49 anos. Vamos nos cuidar. O Brasil já enfrenta muitas desgraças para voltarmos a sofrer também com mortes por sarampo.

Edição: Monyse Ravenna