Comunicação pública

Sindicato de jornalistas lança manual contra censura na EBC

Entidade aponta aumento de "denúncias de perseguições” praticadas na Empresa Brasil de Comunicação no governo Bolsonaro

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

Ouça o áudio:

Jornalistas denunciam censura a pautas ligadas a temas de direitos humanos
Jornalistas denunciam censura a pautas ligadas a temas de direitos humanos - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal lançou um “minimanual para combater a censura na EBC [Empresa Brasil de Comunicação]”. Segundo a entidade, o documento -- divulgado nesta quinta-feira (26) -- tem como objetivo ser um “instrumento de proteção dos jornalistas da empresa pública”. 

A motivação do sindicato foi o “aumento nas denúncias de perseguições ao conteúdo jornalístico produzido por repórteres e editores por parte da direção” da empresa e a “imposição de governismo e de censura por parte de coordenadores e chefes”. 

Integrante da diretoria do Sindicato e trabalhador licenciado da EBC, Gésio Passos afirma que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) tem promovido uma série de constrangimentos aos profissionais da empresa, em uma escala inédita. 

“A situação da EBC acabou se agravando desde que o Bolsonaro assumiu. Com a nova direção da empresa se intensificaram ações de censura, de governismo, uma programação muito voltada para ações de governo. Muito maior que no governo Temer, inclusive”, critica.

O governo promoveu a fusão da TV NBR, de caráter governamental, e a TV Brasil, de caráter público. A “confusão”, segundo Passos, impede jornalistas e editores de promoveram a cobertura de temas relevantes, principalmente ligados a direitos humanos, conforme o estabelecido pela lei que regula o funcionamento da EBC. 

Jornalistas dos diversos veículos da EBC reclamam, por exemplo, de pautas sobre o aumento de feminicídios e sobre os dados do Atlas da Violência terem sido vetadas por chefias. A cobertura do caso Marielle Franco, reclamam outros, também sofreu tentativas de limitação. 

Segundo estimativa do Sindicato, cerca de 40% do jornal televisivo da EBC atende a demandas diretas do governo. 

“Esse minimanual foi uma demanda dos próprios trabalhadores. É um compêndio de leis, para mostrar que o papel da EBC é atender a sociedade, e que o jornalista tem dever de exigir que a pauta seja plural, que outros lados sejam ouvidos, como prevê a lei. É um instrumento de constrangimento das chefias, que vem promovendo censuras aos jornalistas”, diz. 

O minimanual compila dispositivos do Manual de Jornalismo da EBC, da lei que criou a empresa, do Código de Ética Profissional da EBC e e do Código de Ética dos Jornalistas. 

Edição: Rodrigo Chagas