Pernambuco

DIREITO

Editorial | A cultura popular pernambucana é mostrada de uma forma honesta na mídia?

18 de outubro é celebrado o dia internacional pela democratização da mídia

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Essa forma de fazer comunicação precisa ser debatida e refletida não somente no dia 18 de outubro, mas de forma permanente
Essa forma de fazer comunicação precisa ser debatida e refletida não somente no dia 18 de outubro, mas de forma permanente - PH Reinaux

No dia 18 de outubro é celebrado o dia internacional pela democratização da mídia. A data que surgiu no ano 2000 em Toronto, Canadá, tem o  intuito de provocar a sociedade a debater as questões sobre o direito humano à comunicação. Atualmente poucas famílias hegemonizam a mídia brasileira e estão diretamente ligadas a parlamentares ou seus familiares. No entanto, a rádio e TV são concessões públicas e não poderiam, segundo a Constituição, estar nas mãos de indivíduos ou grupos familiares. Diante disso, é importante se questionar como o povo e sua diversidade étnico-cultural e regional tem sido retratado na mídia comercial. O frevo, a agricultura familiar e as manifestações populares são mostradas de maneira honesta? Essas vozes são realmente ouvidas? 
Desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff em 2016, o Brasil vem num crescente processo de ataque à liberdade de expressão. A partir da eleição de Jair Bolsonaro em 2018, esses ataques se acentuaram e se institucionalizaram promovendo ações de censura e perseguição a artistas, jornalistas e educadores, por exemplo. E tudo isso diz respeito ao direito à comunicação. E junto a isso, há uma campanha de desinformação que tem ganho grandes proporções nesse último período com a ampliação do acesso a internet e a redes sociais de mensagens instantâneas, como é o caso do WhatsApp, pela maioria da população. 
O que não significa que notícias falsas utilizadas para manipular a opinião pública seja uma novidade das últimas eleições. Muito pelo contrário, para quem não se lembra, o debate das eleições presidenciais de 1989, entre Lula e Fernando Collor, foi manipulado para favorecer o segundo candidato, o que foi admitido anos mais tarde pelo próprio diretor da Rede Globo. Há grupos ligados à mídia comercial que quando questionados sobre a democratização e regulação da comunicação, afirmam se tratar de censura e controle dos meios. Por outro lado, quem constrói a luta pelo direito à comunicação a compreende como um direito humano básico que precisa ser construído a partir dos interesses da população e não de um grupo.
A desinformação por vezes é utilizada para confundir e manipular a população e acabam por cercear o direito das pessoas à informação e ao conhecimento e isso também é uma forma de violação do direito à comunicação. Portanto, lutar contra a censura e a desinformação significa lutar para que as tantas vozes que compõem o nosso povo sejam ouvidas, respeitadas e ecoadas pelos morros, becos, avenidas e feiras. Para que a arte e a educação não permaneçam sendo encaradas como inimigas da população como quer o atual governo federal e, sobretudo, para construirmos uma comunicação democrática.
E essa forma de fazer comunicação precisa ser debatida e refletida não somente no dia 18 de outubro, mas de forma permanente por toda a sociedade e o Brasil de Fato Pernambuco se coloca enquanto um instrumento de comunicação comprometido com a realidade e a luta do povo. Por isso nos contrapomos à desinformação e nos propomos a construir uma visão popular de Pernambuco, do Brasil e do mundo.

Edição: Monyse Ravenna