Rio Grande do Sul

EDUCAÇÃO

CPERS Sindicato critica ataques do governo do RS contra funcionalismo e aponta greve

Educadores ativos e aposentados repudiam a retirada de direitos proposta pelo governador Eduardo Leite

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Categoria pede compreensão pela greve, que tem objetivo de lutar pelo futuro da educação pública no Estado
Categoria pede compreensão pela greve, que tem objetivo de lutar pelo futuro da educação pública no Estado - Foto: Divulgação CPERS

Em mensagem direcionada às mães, pais e estudantes da rede estadual de ensino, os educadores e funcionários das escolas públicas do Rio Grande do Sul sinalizaram que entrarão em greve nos próximos dias e pedem o apoio da sociedade em defesa da educação. O comunicado, lançado nesta quarta-feira (23) pelo CPERS Sindicato, aponta que os ataques promovidos pelo governador Eduardo Leite não deixam saídas: "Além de continuar a política de atrasos e congelamento salariais, o Estado ameaça acabar com o pouco que nos resta, atacando nossos direitos, nossas carreiras e nossos sonhos". A nota denuncia que, por trás da crise com a qual o governo justifica as medidas contra o funcionalismo, está a intenção de privatizar o ensino.

Também nesta quarta-feira, o CPERS divulgou a "Carta das aposentadas e aposentados da rede estadual de educação sobre o projeto desumano de Eduardo Leite", em que as medidas de destruição da carreira do magistério são duramente criticadas. "Em toda nossa trajetória, jamais vimos um governo atacar com tanta violência seus próprios servidores(as). Não é nada menos do que inacreditável a disposição de cobrar alíquotas previdenciárias de quem ganha pouco mais de um salário mínimo. Não trabalhamos e lutamos a vida inteira para chegar à aposentadoria empobrecidos e sem dignidade", aponta a carta.

Abaixo, confira os documentos

 

Mensagem às mães, pais e estudantes da rede estadual de ensino

Nós, professores(as) e funcionários(as) de escola do Rio Grande do Sul, pedimos a sua atenção: dentro de poucos dias estaremos em greve em todo o estado.

Sabemos das dificuldades e das consequências de uma greve para a organização familiar, mas esperamos contar com a compreensão e apoio de cada pai, cada mãe e cada aluno.

O governador Eduardo Leite não nos deixa alternativas.

Além de continuar a política de atrasos e congelamento salariais, o Estado ameaça acabar com o pouco que nos resta, atacando nossos direitos, nossas carreiras e nossos sonhos.

O governo fala em crise. Mas já estamos pagando, junto com você, por esta crise há anos. Trabalhamos e educamos com amor, mas amor não paga as contas.

Os impostos que todos nós sustentamos aumentaram. Os gaúchos sobrevivem com alguns dos custos mais elevados do país na gasolina, no gás, na água e na alimentação.

Enquanto isso, bancos têm lucros recordes, empresas deixam de pagar bilhões em impostos e os privilégios dos altos salários continuam intocados.

Por trás deste projeto está a intenção de acabar com a escola pública e os sonhos de milhões de gaúchos.

Querem privatizar o ensino e cobrar das famílias a conta do acesso à educação. Não vamos deixar que isso aconteça.

Mas precisamos da sua ajuda e da sua mão amiga.

Lutaremos hoje pelos nossos e pelos seus direitos. Pelo futuro da sua e das nossas famílias.

Amanhã, vamos celebrar juntos a vitória e recuperar todas as aulas que forem necessárias.

Temos compromisso e responsabilidade com a educação. Jamais deixamos de cumprir nossas obrigações. Você pode contar conosco. Queremos contar contigo.

Se é guerra que Eduardo Leite quer, é greve que ele vai ter.

 

 

Carta das aposentadas e aposentados da rede estadual de educação sobre o projeto desumano de Eduardo Leite

Nós, educadoras e educadores aposentados(as) da rede estadual do Rio Grande do Sul, repudiamos com veemência o mais recente ataque de Eduardo Leite aos professores(as), funcionários(as) de escola e a todos os gaúchos(as) que dependem da educação pública para aprender, sonhar e crescer.

É com perplexidade e indignação que tomamos conhecimento dos projetos do governador para destruir a carreira do magistério – conquistada a duras penas em nossas lutas históricas -, aprofundar o arrocho salarial, retirar direitos e confiscar o dinheiro dos aposentados(as) que ganham menos taxando a Previdência.

Em toda nossa trajetória, jamais vimos um governo atacar com tanta violência seus próprios servidores(as). Não é nada menos do que inacreditável a disposição de cobrar alíquotas previdenciárias de quem ganha pouco mais de um salário mínimo. Não trabalhamos e lutamos a vida inteira para chegar à aposentadoria empobrecidos e sem dignidade.

Este é um projeto de morte, nocivo e cruel.  É nos ombros de quem recebe os menores salários que recairá a conta da má gestão, das desonerações fiscais bilionárias, da sonegação de grandes empresas e dos privilégios dos altos salários.

O governador quer sacrificar as nossas vidas em nome de um ajuste fiscal que não produziu qualquer resultado positivo em cinco anos de arrocho. Pelo contrário, Sartori legou aos gaúchos(as) o maior rombo dos últimos 16 anos nas contas públicas. Quem, como Leite, está a serviço deste projeto, não está a serviço do Rio Grande do Sul.

Somos dezenas de milhares que construímos o passado e o presente, educando gerações. Nossas lutas históricas fizeram do CPERS um dos maiores e mais combativos Sindicatos do Brasil. Enfrentamos o chumbo da ditadura e a insensibilidade de outros governantes.

Estaremos em todos os espaços, nas ruas, nas praças e nos piquetes em escolas, de mãos dadas com os colegas da ativa para barrar essa proposta nefasta e inaceitável. A greve da categoria tem nosso apoio total e irrestrito. Eduardo Leite passará, nossos direitos ficarão. Avante educadores, de pé! 

 

Edição: Marcelo Ferreira