Pernambuco

NORDESTE

Editorial | Morte à vista, desastre anunciado!

Por que o governo federal não fez nada?

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Segundo o MPF, o óleo se  espalhou por mais de 10 praias pernambucanas, e mais de 200 praias em nove estados do Nordeste
Segundo o MPF, o óleo se espalhou por mais de 10 praias pernambucanas, e mais de 200 praias em nove estados do Nordeste - Diego Medeiros/Comunicação Tulio Gadêlha

Desde o dia 30 de agosto, iniciando na Paraíba, as praias do Nordeste sofrem com o vazamento do óleo (petróleo cru) que já é o pior desastre ambiental da história do Brasil em faixa contínua, porque atingiu praias de todo o litoral nordestino. Muitas perguntas persistem: Por que precisou que o óleo chegasse às nossas praias? Por que foi preciso que o óleo contaminasse nossa biodiversidade marítima, nosso pescado? Por que precisou que o óleo contaminasse nossas praias turísticas? Por que precisou que milhares de voluntários começassem a coletar o petróleo no litoral, na cara e na coragem para os governos tomar alguma atitude? Por que jogar a culpa na Venezuela sem provas, sendo que a SHELL é que está sendo investigada?  Por que precisou que a Justiça brasileira obrigasse o governo a tomar atitudes?  Por que somos nordestinos? Por que não votamos no Bolsonaro? Por que querem enfraquecer a Petrobrás para privatizá-la? Perguntas e mais perguntas.
O que esperar de um governo que tem como chefe máximo um presidente que motiva as queimadas, motiva a exploração de minerais em reservas indígenas,  e pior, pesca em reserva ambiental, demitindo o funcionário do Ibama que o multou? E o que dizer de um ministro do meio ambiente que foi condenado por crime ambiental? O que esperar?
Somente nesta segunda, o general Hamilton Mourão, presidente em exercício, anunciou que o Exército enviaria cerca de cinco mil homens para reforçar as ações de limpeza das praias do Nordeste atingidas por manchas de petróleo há semanas. Na terça-feira (22) começaram atuar. Porque essa demora de tomar essa decisão? E só ocorreu após as decisões da Justiça federal de Pernambuco e Alagoas que saíram no final de semana. 
No caso de Pernambuco, a liminar também estabelece que devem ser tomadas medidas necessárias para contenção, recolhimento e destinação adequada do material poluente, especialmente para proteção dos ecossistemas sensíveis, como manguezais, áreas de estuário e recifes de corais. Devem ser usados como referência o Atlas de Sensibilidade Ambiental ao Óleo do Litoral de Pernambuco e o Mapeamento Ambiental para Resposta à Emergência no Mar (Marem).
Segundo o MPF, o óleo se  espalhou por mais de 10 praias pernambucanas, e mais de 200 praias em nove Estados do Nordeste e, agora, segue o rumo para o Sudeste. Mais de mil toneladas de resíduo já foram recolhidas pela Marinha e voluntários. O fato é que o desastre aconteceu, e demoraremos décadas para recuperar parte da biodiversidade, sendo que uma parte jamais conseguirá, recuperar e salvar. O impacto na economia, turismo, pesca; fauna, flora, biodiversidade; na saúde humana e animal, são imensuráveis. Destinos turísticos e santuários naturais destruídos, afetados, poluídos. Gerações futuras não terão a chance de conhecer boa parte disso.  Quem será responsabilizado? Apesar de não haver solução, temos que punir os culpados. Temos que descobrir quem são os responsáveis.
Agora, nos resta seguir em um grande mutirão de luta e solidariedade para salvarmos o que é possível. Povo nordestino não se curvará às atrocidades que estão sendo feitas. 

Edição: Marcos Barbosa