Paraná

PERFIL

Um artista latino-americano

Obra do equatoriano Javier Guerrero, que vive em Curitiba há 30 anos, será doada ao Instituto Lula

Brasil de Fato I Curitiba (PR) |
Guerrero, ao centro da foto, com um dos mosaicos feitos para Lula: "Eu faço arte pelos marginalizados do mundo, porque eu faço parte deles"
Guerrero, ao centro da foto, com um dos mosaicos feitos para Lula: "Eu faço arte pelos marginalizados do mundo, porque eu faço parte deles" - Joka Madruga

No começo do primeiro mandato do ex-presidente Lula, em 2003, o artista Javier Guerrero, inspirado pelo programa Fome Zero, criou um mosaico em que retrata aspectos da cultura paranaense e brasileira como um todo, com os dizeres “Brasil, paz. Fome nunca mais”.  

A arte foi doada à fundação cultural da Caixa Econômica Federal. Anos depois, para surpresa de Javier, seu mosaico foi encontrado por um casal de amigos, em um ferro velho, já bastante deteriorado. O artista recuperou a obra, fez uma restauração e, nas próximas semanas, ela segue para o Instituto Lula, como doação de Javier “para o local onde ela pertence”.  

A saga do mosaico mostra a vontade mobilizadora da vida de seu artista. Atualmente com 58 anos, Javier diz viver por acreditar “na força transformadora dos pobres do mundo”. Quando jovem, ainda no Equador - seu país de origem - ele se enfileirava nas trincheiras dos movimentos rebeldes que lutavam contra governos conservadores equatorianos na década de 1980.  

Em tom de brincadeira, Javier conta que, após ser preso pela atuação política, em 1986, por não gostar de estar “preso nem morto”, ele aceita o convite de um amigo para se mudar para Curitiba. Desde então, vive na capital paranaense e defende uma visão alternativa do estado: “o Paraná é um estado combativo”.  

Javier se diz, hoje, um artista brasileiro nascido no Equador. Ele vê com pesar a onda ultraconservadora que toma conta da América Latina, mas diz que tem força para seguir lutando - através da arte - por um mundo mais justo. “Eu faço arte pelos marginalizados do mundo, porque eu faço parte deles. Eu sou um pobre, um artista, um trabalhador como os outros”, afirma.  

Edição: Pedro Carrano