Pernambuco

POLÍTICA

EDITORIAL | Para a juventude, a luta contra o governo Bolsonaro é a defesa da vida

Aqui lembramos a memória de William da Silva,19 anos, mais uma vítima da truculência policial, no bairro do Ibura

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Os impactos do programa bolsonarista agravam ainda mais as principais contradições econômicas e políticas na vida da juventude no Brasil
Os impactos do programa bolsonarista agravam ainda mais as principais contradições econômicas e políticas na vida da juventude no Brasil - Inês Campelo/MZ Conteúdo

O atual momento político que vivemos no Brasil toca diretamente a juventude por ser um dos segmentos da sociedade brasileira mais afetado com o desmonte do Estado, com a agenda ultraconservadora e a retirada de direitos no governo Bolsonaro. Estamos falando de jovens que tiveram a oportunidade de crescer no  Brasil durante um breve respiro democrático, no qual a classe trabalhadora teve uma melhora na qualidade de vida. É fato que os governos progressistas de Lula e Dilma são responsáveis por muitos jovens se apresentarem como a primeira geração de famílias a ingressar na universidade e ter uma melhor perspectiva econômica e social. Geração essa que se encontra hoje com o futuro ameaçado.
Os impactos do programa bolsonarista agravam ainda mais as principais contradições econômicas e políticas na vida da juventude no Brasil, as quais identificamos que estão no campo da educação, visto a diminuição do acesso e a alta porcentagem de evasão dos jovens nas instituições de ensino médio, técnico e superior; no aumento do desemprego e na falta de geração de renda; no acesso à cultura cada vez mais restrito, principalmente nos espaços das periferias -  a exemplo do passinho no Recife e o funk no Rio de Janeiro; o extermínio da juventude, dado o aumento dos índices de violência e homicídios, sobretudo jovens negros e, em especial, a memória de William da Silva (19 anos), mais uma vítima da truculência policial, no bairro do Ibura, na madrugada do último domingo (12).
Mesmo com tantas perdas a juventude encontrou formas de resistência e luta no ano de 2019, protagonizando os principais atos na luta pelos direitos. Como por exemplo as manifestações contra os cortes dos recursos para as universidades públicas, que deixou uma esperança não só para os estudantes, mas para os milhões de brasileiros que foram às ruas defender a educação e conseguiram sair vitoriosos pois o ministro da educação foi pressionado a devolver os recursos para as universidades. Entretanto, o ano já inicia com mais ataques à autonomia dessas.
 A luta contra o governo Bolsonaro para a juventude é a defesa da própria vida. Não são apenas medidas econômicas que estão sendo impostas, mas valores de uma sociedade capitalista, racista e patriarcal que precisa ser combatida. Os desafios para esse ano que se inicia não são pequenos e o primeiro deles é fazer com que a juventude esteja viva, com toda a sua diversidade de raça, de gênero e de sexualidade e que pulse dentro de cada jovem brasileiro o desejo de mudança.  
A construção de um projeto de vida digna para a juventude depende necessariamente da luta e da organização popular, seja ela na universidade, escola, bairro, através da cultura, do movimento estudantil, do local de trabalho e das tantas outras formas de organização. Então, vamos fazer um pacto de vida entre a juventude brasileira. Assim como escreveu Conceição Evaristo no seu conto sobre as realidades das periferias, "a gente combinamos de não morrer". Tem muita luta para 2020.

Edição: Monyse Ravenna