Pernambuco

FOLIA

Na rua 13 de maio, em Olinda, pessoas LGBT vivem o carnaval fantasiadas de liberdade

Na rua mais colorida do Centro Histórico, blocos carnavalescos pregam a diversidade e “Bolsonaro não tem vez”

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Foliões ficam concentradas principalmente na frente do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC) - PMO

A rua 13 de Maio é conhecida como um “point” de encontro e folia entre pessoas LGBT no carnaval olindense. Concentradas principalmente na frente do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC), as foliãs e foliões celebram a diversidade com mais tranquilidade, uma vez que são raros os casos de homofobia na “Treze”, como é conhecida popularmente.

O calor e o clima de paquera são estímulos para a pouca roupa. Como era de se esperar, as fantasias e adereços de carnaval também chamam bastante atenção. Mitologia greco-romana, capetas, realeza, power rangers e sereias são alguns, dos vários temas que enfeitavam os corpos que balançavam ao som do brega-funk no último volume, intercalado com hits da drag queen Pabllo Vittar.  

O jovem Erenildo Ferreira, de 22 anos, estava vestido à Roma Antiga. Ele conta que o clima descontraído faz com que se sinta livre para o usar o que quiser. “Se eu pudesse vivia fantasiado 24 horas”, confessa. Recifense, o jovem conta que também é frequentador assíduo da Treze: “É um lugar onde toca as músicas que gosto e todos os meus amigos vem pra cá”.

No entanto, Erenildo confessa que a principal razão para frequentar a Treze é sua própria segurança. Apesar de nunca ter sofrido nenhum tipo de violência homofóbica nas outras ladeiras ou ruelas de Olinda, ele afirma que tem medo de ficar em outros lugares, principalmente sozinho. “Me sinto mais seguro aqui, pelo fato de ter muitos LGBTs”, reitera. 

Apesar de se considerar “pouco antenado” em política, Erenildo afirma que o presidente Jair Bolsonaro não é querido naquela rua e, quando lembram dele, sempre são gritos de protesto e de reprovação em ritmo de marchinha de carnaval. “Ninguém aqui gosta dele por conta das besteiras que ele fala e atinge as minorias. Sempre que podem, protestam contra ele”, conta.  

Em relação ao assédio entre pessoas LGBT, ele afirma que as vezes acontecem “abordagens desnecessárias”, principalmente quando alguém exagera no consumo de álcool, mas que, no geral, o clima costuma ser de paquera saudável.

Quem também defende uma brincadeira saudável é a vendedora informal Jennifer, que trabalha há 10 anos na rua 13 de maio. Ela conta que já tem, inclusive, “clientes fixos”, que todos os anos pulam carnaval naquele mesmo local e enaltece o fato de serem raros os casos de briga naquela rua. “Aqui não tem confusão, só os meninos que gostam muito de beijar na boca”, brinca. 

Apesar da presença massiva de homens gays, as outras letras da sigla LGBT também se fazem presentes nas redondezas do MAC. É o caso da recifense Amanda Pimentel, 19, que afirma também se sentir “completamente à vontade” na Rua Treze e que é grande a representação de mulheres lésbicas naquela rua. 

Reunida em um grupo misto, a estudante comentou em voz alta: “Sabe um péssimo lugar pra se ir? O Bonfim. Porque é um ambiente só de homens brancos e heteros. Eu não curto”. Amanda reclamava dos episódios de assédio que acontecem contra mulheres em outros locais no carnaval de Olinda.

Edição: Vanessa Gonzaga