Rio Grande do Sul

Ciência

Universidade Federal transforma bebida contrabandeada em álcool gel no RS

Unipampa vai produzir 500 litros de solução alcoólica antisséptica a partir de apreensões da Receita Federal

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Pesquisadores da Unipampa transformam bebidas apreendidas pela Receita Federal em solução alcoólica antisséptica - Adriane Hirdes/Unipampa

Bebidas contrabandeadas e apreendidas pela Receita Federal estão sendo transformadas em álcool 70 na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), em Bagé (RS). É o projeto Etanóis, tocado por 20 professores e técnicos. “Começamos as destilações no dia 2 deste mês e até agora temos 100 litros de álcool purificado”, informa um dos seus coordenadores, o químico Udo Sinks. Até o final de abril a meta é obter 400 litros de álcool. “Este volume será transformado em 500 litros de solução alcoólica antisséptica”, acrescenta.

O processo utilizado é a destilação fracionada. Com os aparelhos disponíveis nos laboratórios do campus, o grupo projeta obter o álcool entre 80-90°. No processo, separa-se a água do etanol, através de evaporação e, depois, com a condensação dos vapores para o estado líquido. No decorrer da destilação, retira-se os compostos aromáticos que cada bebida carrega.

Uruguaiana e Itaqui

Uísque, vodca e outros destilados estão sendo convertidos em álcool gel não somente em Bagé, cidade próxima à fronteira com o Uruguai, mas também nos laboratórios de mais dois campi da Unipampa, os de Uruguaiana e Itaqui, ambos situados junto à divisa com a Argentina. A universidade foi criada em 2008, durante o governo Lula. Possui sede em Bagé e presença em dez municípios da Campanha gaúcha.

Bagé, Uruguaiana e Itaqui são três municípios em que a Receita Federal atua e confisca bebidas contrabandeadas, oriundas dos países vizinhos. Também a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está tocando um projeto para fabricar álcool gel a partir de bebidas doadas pela Receita.

“Todas as bebidas alcoólicas podem ser destiladas, mas quanto menor o teor alcoólico mais demorada é a purificação, como no caso do vinho e da cerveja”, repara Sinks. Além do químico, também partilham a coordenação do trabalho as pesquisadoras Catarina Moura, de engenharia de alimentos; Gabriela da Rosa, de engenharia química e Elisabete da Silva, formada em farmácia.

Junto da comunidade

“No primeiro momento – conta Sinks – pensamos em produzir álcool em gel, mas como não temos o componente carbopol em nosso campus desistimos”. O carbopol é um tipo de polímero hidrossolúvel, usado para dar viscosidade a soluções na indústria de cosméticos. Logo, porém, o grupo descobriu o caminho atual.

“Vamos produzir soluções tópicas de álcool 70% e álcool 80% glicerinado que serão distribuídas para a rede pública de Saúde local”, adianta o químico. “Muitas pessoas não conhecem o papel ou a importância das universidades públicas para a sociedade, por isso aliamos o nosso conhecimento acadêmico à vontade de colaborar neste momento crítico da pandemia de covid-19”, explica. “Desta maneira estamos aproximando a universidade da comunidade”, finaliza.

Edição: Marcelo Ferreira