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Coronavírus e os camponeses: existe possibilidade de crise alimentar?

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Distribuições de alimentos no Iêmen - ICR
Infelizmente a ânsia do capital poderá nos levar a uma crise na distribuição de alimentação no mundo

Há risco de escassez de alimentos no mundo? Podemos viver uma crise alimentar a nível global? Essa é uma pergunta que vemos várias pessoas fazer. No entanto, nós podemos dizer que infelizmente a ânsia do capital poderá nos levar a uma crise na distribuição de alimentação no mundo. Tudo depende do tempo que perdurar a pandemia e a necessidade de isolamento para impedir a expansão do vírus, é que podemos ir mensurando a quantidade de alimentos em estoques estratégicos que temos no mundo. 
Inicialmente, a agricultura no mundo produz o suficiente para suportar um período mais longo de isolamento, O problema não e a falta de alimento, mas é possível, que, em algum momento as grandes empresas capitalistas que dominam o mercado do alimento no mundo, como forma de pressionar o fim do isolamento, defendido e sancionado pela maioria governantes, possam promover boicote ou bloqueio na distribuição da alimentação, interferindo no mercado, no preço. Barganhando alteração nas negociações internacionais, forçando mudanças no processo (da lógica atual) de comercialização e distribuição da produção de alimentos no mundo. Privilegiando as nações mais ricas e limitando para alguns determinados países mais pobres e não alinhado, a exportação de alimentação.
O armazenamento, a formação de estoque estratégico para as nações se protegerem de possíveis guerras, catástrofes, epidemias e outras questões que podem interferir na produção e importação de alimentos, bem como controle de estoque para regular mercado e distribuição.  Esta tarefa, como parte da soberania nacional, sempre foi tarefa do Estado, portanto uma atividade estatal, pública. No entanto, o neoliberalismo, como modelo de desenvolvimento capitalista, implantado na maioria das nações nas décadas de 1980 e 1990, promoveu, em nome da globalização da economia: a abertura total das fronteiras para livre circulação da mercadoria controlada pelas grandes corporações capitalistas transnacionais e a privatização das estruturas e logísticas de armazenamento e controle de estoque. 
Em consequência desse processo, a maioria das nações passou para a condição de refém do mercado e dos interesses das grandes cooperações transnacionais que controlam a produção, armazenamento, industrialização, financiamento e distribuição do mercado de alimento no mundo. A tarefa de armazenamento estratégico e controle do estoque de alimento agora é do mercado, a serviço do capital, a maioria dos armazéns de estoques estratégicos foram privatizados. O alimento sagrado, que deveria cumprir as definições da ONU de “segurança alimentar”, passaram a ser negociado nas bolsas de valores, alimento são negociados como commodities. Isso tudo, se o estado de pandemia perdurar, poderá ser uma possibilidade de vivermos uma crise de falta de alimento no mundo aumentando a fome, a miséria e o caos social. Campo fértil para prosperarão do novo coronavírus, outras doenças e guerras.
A Via Campesina internacional em documento de convocação para a jornada abril defende: “que La crisis del coronavirus que se ha apoderado del mundo, sólo expone la vulnerabilidad de nuestro sistema alimentario globalizado, que en los próximos años sólo empeorará si no invertimos en la construcción de un sistema alimentario local resistente y diverso. Pero para lo cual, demanda de Soberanía Alimentaria, Agroecología, Reforma Agraria Popular y sobre todo que garanticen todos los Derechos Campesinos contemplados en la Declaración de la ONU aprobada en 2018, donde se enumera una serie de derechos y las  obligaciones de los estados con este sector”. 
 

Edição: Monyse Ravena