Minas Gerais

SOCIEDADE

Artigo | O pesadelo do dia a dia

Psicólogo comenta a tristeza das desigualdades e políticas genocidas no Brasil

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
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"Os dias frios me são mais reflexivos, mas ontem senti gosto de fel na boca. Não é possível, será que não haverá limites?" - Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

Acordo na madruga e começo juntar uma coisa daqui outra dali. De todo lado é uma tragédia sem fim. Olhe que sou daqueles que defendo a discussão e o debate, sempre sou contrário a usar termos negativos ou de baixo calão pra se referir ao Brasil. Mas chega uma hora que não tem como...

Nesses dias, com alguma disponibilidade, posso pagar dívidas comigo de muito tempo. Tenho podido saber das questões indígenas e que sob todos aspectos é uma tragédia, o que acontece hoje ou nos últimos mil e quinhentos anos. É uma história de extermínio. Os indígenas têm sido resistentes e resilientes, o que explica ainda estarem aí tendo que enfrentar a sanha de madeireiros, fazendeiros e posseiros invasores, pois há uma “autorização” a estes, um sinal de: “invadam, depois legaliza”.

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A causa dos negros, quilombolas... Ocupamos o primeiro lugar em desigualdade em todo o mundo, dá vontade de dizer ao universo. A maior, na quantidade e no tempo. O pior fim da escravatura e o último país a fazê-la. Que tristeza.

Os dias frios me são mais reflexivos, mas ontem senti gosto de fel na boca. Não é possível, será que não haverá limites? Esse monturo vai continuar a expelir criaturas abjetas a nos jogar na cara que nação nós somos? Ontem foi demais! Não foi um ex- militar com histórico de comportamento nada adequado a caserna. Não foi um ex-artista pornô, que me desculpe seus colegas, pois a função não desmerece o cidadão. Não foi!

Ontem vi a NAMORADINHA DO BRASIL rir e escarnecer dos que perderam a vida. Seja hoje pela covid-19 ou as vítimas da ditadura civil/militar. Não temos nos negado a produzir tiranos, tirantes, monstros enfim. Acrescente a isso que a criatura referida ainda briga pra continuar fazendo parte desse governo, que dispensa comentários, no qual é Secretária da Cultura. Como diria uma personagem da peça “Doroteia vai a guerra”: Aonde nós chegamos, mamãe?

Milton Bicalho é psicólogo clínico, mestre em Psicologia, e ex-presidente do CRP-MG

Edição: Joana Tavares