De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de saúde é definido como: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Ou seja, saúde não está apenas relacionado a não apresentar sinais e sintomas de doenças. A saúde completa perpassa por níveis diferente do ser humano e a nível físico não existe saúde sistêmica sem saúde intestinal.
Geralmente as pessoas enxergam o intestino como um órgão sujo e propagador de doenças. Porém, o que acontece em um intestino saudável é exatamente o contrário. Sem os microorganismos existentes não conseguiríamos extrair energia o suficiente para sobrevivermos. Em um ambiente equilibrado eles são extremamente benéficos para nós. Isso se chama mutualismo (os dois se beneficiam) ou comensalismo (um se beneficia e outro não é prejudicado).
Nossa população microbiótica se inicia a partir do nascimento e aos poucos a diversidade da nossa microbiota vai aumentando, como o processo de desenvolvimento de uma floresta. Primeiro nascem as espécies pioneiras naquele terreno exposto e sem muitas condições de vida. Em seguida, espécies que vivem em mutualismo ou comensalismo com as primeiras, vão se estabelecendo. Nossa microbiota intestinal muda ao longo da vida e está diretamente relacionada a nossa herança hereditária, idade, condições de saúde e nutrição, ambiente e hábitos de vida.
Atualmente observamos um aumento de doenças intestinais, principalmente relacionado a alimentação inadequada e ao maior uso de medicamentos. Um dos desequilíbrios intestinais mais falados é a disbiose, que é caracterizada por um processo inflamatório e alteração da microbiota intestinal.
Um dos fatores que concorrem muito para a disbiose é a má digestão. No artigo anterior, abordei brevemente o passo-a-passo da digestão e sua importância para saúde. A fraca acidez estomacal é comum em pessoas idosas, e em diabéticos, que costumam ter deficiência de produção de ácido clorídrico. Sem o pH adequado no estômago microorganismos prejudiciais passam para o intestino e os alimentos não são digeridos corretamente, podendo causar maiores problemas. Até mesmo a falta de vivacidade pode ser consequência de uma disbiose, pois alguns microorganismo interferem no processo de formação da serotonina (neurotransmissor regulador do humor, sono, apetite, entre outras funções).
Outro fator importante para esse desequilíbrio é o uso prolongado de antibióticos, que matam indiscriminadamente as bactérias, sendo patogênicas e benéficas.
As fibras auxiliam na saúde intestinal por apresentar um função metabólica, alimentar bactérias e promover a fermentação. Durante a fermentação formam-se ácidos graxos de cadeia curta, que propiciam inibição de colesterol.
Uma substância com propriedades similares a da fibra é o amido resistente presente na biomassa de banana, grãos e batata crua, por exemplo. Para te auxiliar a deixar sua alimentação e seu intestino mais saudáveis, trouxe essa receita básica, neutra e barata, para ser adicionada em diversos tipos de preparação. Nesse inverno, sugiro adicionar a biomassa na preparação de cremes de abóbora, de milho e caldos de ervilha e de feijão. Adicione de acordo com seu gosto. Anota a receita!
BIOMASSA DE BANANA VERDE
Ingredientes:
1 cacho de banana verde
Água para cozinhar
Modo de preparo:
Lave e cozinhe as bananas verdes, na panela de pressão;
Assim que a panela começar a chiar conte 10 minutos e apague o fogo;
Deixe a pressão sair naturalmente;
Retire as cascas e bata a polpa no liquidificador;
Adicione água aos poucos em pouca quantidade, apenas para auxiliar a liquidificar.
Pronto, você já tem a biomassa.
*Raíssa Fato é nutricionista especializada em alimentação natural.
Edição: Mariana Pitasse