Paraná

CULTURA

“Fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a retornar”, diz atriz Nena Inoue

Epidemia paralisa atividades artísticas e dificulta sobrevivência de artistas

Curitiba (PR) |
Nena Inoue é atriz e diretora teatral - Delenize Dezgeniski

Os trabalhadores da cultura são uma das categorias profissionais mais prejudicadas com a pandemia do coronavírus. Como bem disse o humorista Gregório Duvivier, “artistas são aglomeradores.” Ou seja, as atividades culturais precisam de público. Sobre esse tema, a atriz e diretora teatral Nena Inoue conversou com a redação do Brasil de Fato PR e analisou a atual conjuntura para a cultura e seus trabalhadores. Nena é Prêmio Shell de Teatro 2019 pelo espetáculo “Para não Morrer.”

Brasil de Fato PR – O atual governo, além de não valorizar a arte, não ofereceu ajuda neste momento de pandemia. Como você analisa a situação?

Nena Inoue – Estamos vivendo num governo que extinguiu o Ministério da Cultura. O Ministério surge logo após da ditadura militar. Não por acaso, este governo extinguiu. Importante lembrar que, aqui no Paraná, também o Ratinho Jr extinguiu a Secretaria da Cultura. É o único estado brasileiro que não tem. Há uma desvalorização dos artistas, pois somos agentes que pensam e oferecem à população novos modos de pensar a realidade. Isso não interessa para governos como esses.

Brasil de Fato PR – Dados do IBGE mostram que temos 5 milhões de pessoas que trabalham no setor cultural e importante participação no desenvolvimento econômico do país... 

Nena Inoue – Mas o que vale é o que vem sendo mostrado para a população. Esses dados não são mostrados. Por exemplo, temos um crescente número de casos da Covid-19 e de outro lado um presidente que sistematicamente aparece defendendo o fim do isolamento social. As mentiras de Bolsonaro têm virado verdade para parte da população. O povo traduz o que é dito e colocado como verdade, quando se bate na mesma tecla de uma ideia. E isso eles fazem bem. Então, a ideia de que artista é bandido e vagabundo aparece como verdade. Mesmo que neste momento muitos, em suas casas, estejam consumindo cultura.

Brasil de Fato PR – Já no início da pandemia o setor cultural precisou parar. Existem iniciativas de renda básica para esses trabalhadores?

Nena Inoue –  Fomos os primeiros a parar e seremos os últimos a retornar. Não sabemos como será, se as pessoas terão medo de ir ao teatro por causa da aglomeração. Mas, além de redes de solidariedade entre artistas, temos uma articulação nacional acontecendo em torno do Projeto de Lei 1075, de iniciativa da deputada Jandira Feghali (PCdoB – RJ). O PL é a Lei de Emergência Cultural que visa a garantir recursos para artistas e espaços culturais neste momento da pandemia.

Lei de Emergência Cultural

A Lei inclui a execução total do Fundo Nacional de Cultura para ações de fomento para agentes e espaços culturais (com subsídios de R$ 10 mil mensais), além de isenção de impostos e proibição de cortes de serviços essenciais para entidades do setor cultural, entre outras atividades.

Edição: Gabriel Carriconde