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ECONOMIA

Pesquisa aponta aumento do desemprego mesmo com queda de casos de covid-19 em PE

Também houve aumento na taxa de desocupação. Em junho, 472 mil pessoas buscaram por emprego no estado, mas sem sucesso

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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A pesquisa mostra que houve pouca oscilação na taxa de informalidade em Pernambuco; entre maio e junho, diminuiu de 43% para 42,8%. - Agência Brasil

Enquanto houve uma queda de 58% no número de pessoas com sintomas da covid-19 em Pernambuco, a taxa de desemprego aumentou de 10,5% para 12,6%. É o que indica a PNAD covid-19, uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) junto ao Ministério da Saúde. A pesquisa visa identificar o número de pessoas que apresentaram sintomas associados à síndrome gripal e também para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho em todo o País. 

Segundo a pesquisa, 472 mil pessoas estavam desempregadas e buscaram ativamente um emprego sem sucesso no mês de junho de 2020. Esse número representa um aumento de 90 mil pessoas comparação ao mês de maio de 2020. Já taxa de desocupação foi de 10,7% para 12,4% (+1,7%) de maio para junho em todo o País; no Nordeste, houve um aumento de 11,2% para 13,2% no mesmo período.

Ao mesmo tempo, houve uma redução de 100 mil pessoas fora da força de trabalho, que atualmente chega a cerca de 1 milhão e 120 mil pessoas. Esse grupo reúne pessoas que não estavam trabalhando e não conseguiram procurar emprego por causa da pandemia de covid-19 ou por falta de oportunidade na região em que vivem. “Esse ponto que a pesquisa trouxe de se ter mais de 1 milhão de pessoas com interesse de trabalhar, mas não procuram por causa da pandemia, à princípio grande parte delas saindo da pandemia irão procurar trabalho, então em um primeiro instante serão todas desocupadas no período pós-pandemia”, afirmou Gliner Alencar, chefe da Unidade Estadual do IBGE em Pernambuco.

Além disso, a pesquisa aponta que houve uma redução no número de pessoas que utilizam planos de saúde no estado, o que é apontado como possível consequência das taxas de desemprego crescentes. “Houve uma redução na quantidade de pessoas que tem plano de saúde em Pernambuco, isso infelizmente é normal quando as pessoas tem que cortar alguns custos e vimos que esse foi um dos custos que foram cortados, o que remete à importância do atendimento público. Uma vez que essas pessoas não tem plano de saúde, essas pessoas vão ser direcionadas ao atendimento público ou a hospitais beneficentes”, disse o chefe da Unidade Estadual, que aponta “Em maio, a gente tinha aproximadamente 21% da população de Pernambuco com algum tipo de plano de saúde e, em junho, esse percentual foi para 19,2%, então se teve uma redução de 1,9%, o que diz respeito a 10% da população”.

Além disso, a pesquisa mostra que houve pouca oscilação na taxa de informalidade em Pernambuco; entre maio e junho, diminuiu de 43% para 42,8% da força de trabalho ocupada, aproximadamente 1,4 milhão de trabalhadores. Para o Instituto, os trabalhadores informais são os empregados do setor privado sem carteira de trabalho assinada; trabalhadores domésticos sem carteira; empregados que não contribuem para o INSS; trabalhadores que não contribuem para o INSS; e pessoas que recebem suporte financeiro de morador do domicílio ou parente. 

Contudo, a pesquisa não é suficiente para traçar uma perspectiva acerca do futuro do mercado de trabalho após o fim do isolamento social e do controle da pandemia, segundo Gliner “É muito cedo para a gente fazer qualquer previsão de futuro, porque a gente fazer uma análise de março, abril, maio e até mesmo junho é uma adequação de expectativa, porque a pandemia não é um evento sazonal, como uma safra agropecuária, por exemplo”, afirmou. Ele também indica que “Aqui se vive em um momento de incertezas, nessa incerteza é difícil pegar qualquer dado passado para fazer essa projeção para o futuro, mas o que a gente vê agora são mudanças buscando adequação no momento atual”.
 

PNAD covid-19

As entrevistas para a realização da pesquisa começaram no dia 4 de maio e estão sendo feitas, exclusivamente, por telefone, devido ao distanciamento social. Em Pernambuco, pouco mais de 7 mil domicílios, distribuídos por 137 municípios, são contatados por mês por aproximadamente 120 servidores, segundo informações da assessoria do IBGE-PE. Para definir a amostra da nova pesquisa, o IBGE utilizou a base de domicílios que participaram da PNAD Contínua no primeiro trimestre de 2019 e selecionou aqueles com número de telefone cadastrado.

Por mês, são realizadas cerca de 1.750 entrevistas no estado e os moradores que receberem o telefonema podem confirmar a identidade dos agentes de coleta por meio do site https://respondendo.ibge.gov.br/ ou do telefone 0800 721 8181. Os dados são apresentados mensalmente por regiões e Unidades da Federação. Já os resultados nacionais são divulgados semanalmente, todas as sextas-feiras. A coleta de dados para PNAD covid-19 está prevista para até um mês após o fim das medidas de distanciamento social.

 

Edição: Vanessa Gonzaga