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Educação

Por motivos de segurança, volta às aulas presenciais segue sem data definida no Ceará

As escolas e universidades, públicas e privadas, continuam ainda sem aulas presenciais

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
“Eu imprimi algumas atividades na internet, fiz com ela [filha], mas eu trabalho na área de saúde e parar não é uma opção”. - Foto: Tchélo Figueiredo - SECOM/MT

O governador do o Ceará, Camilo Santana (PT) nas medidas do novo Decreto Estadual de Isolamento Social, que passou a vigorar a partir do dia 27 de julho anunciou que escolas e universidades, públicas e privadas, continuam sem aulas presenciais. “As escolas e universidades, públicas e privadas, continuam ainda sem aulas presenciais, enquanto buscamos uma decisão mais segura. Ao longo da semana que vem estaremos ampliando as discussões com representantes das escolas, dos professores, coordenadores, pais e alunos. Sempre buscaremos fazer tudo com muita prudência, responsabilidade e da forma mais segura possível”, anunciou Camilo Santana.

O Sindicato dos Estabelecimentos de Educação e Ensino da Livre Iniciativa do Estado do Ceará (Sinepe – CE) informou em seu site que foi criada uma Comissão Interna com o objetivo de estudo e elaboração do Protocolo de Ações para a retomada das aulas do setor e que, após seguidas reuniões com representantes do Comitê Gestor Estadual do Plano de Retomada que, de acordo com eles, contou  com a participação do Secretário Executivo SEPLAG e Coordenador do Plano de Retomada, Dr. Flávio Ataliba, conseguiu a autorização para o retorno de aulas práticas e laboratoriais das Instituições de Ensino Superior no município de Fortaleza, especificamente aos concludentes de cursos de graduação e pós-graduação relativos ao semestre 2020.1.

“O Sinepe-Ce recomenda às Instituições de Ensino Superior a retomada das aulas práticas e laboratoriais seja restrita aos concludentes do primeiro semestre – 2020.1. Quanto aos alunos concludentes do segundo semestre - 2020.2, orientamos não retomar as atividades presenciais até que obtenhamos a devida autorização”, finaliza a nota.

A Universidade Federal do Ceará (UFC) divulgou em seu site informações sobre a portaria nº 112/2020, assinada pelo reitor da UFC, que informa que fica prorrogada, até dois de agosto, a suspensão das atividades acadêmicas presenciais, referentes às aulas de graduação e pós-graduação de todos os cursos da UFC. Questionada sobre a possibilidade de retorno das aulas a partir do dia três de agosto, a assessoria de comunicação da universidade informou que: “Esclarecemos que a suspensão das atividades acadêmicas presenciais na UFC segue o recomendado pelo plano adotado pelo governo estadual do Ceará e as autoridades sanitárias. Portanto, não há calendário previsto pela Reitoria da UFC para a volta das atividades acadêmicas presenciais em três de agosto de 2020”.

A assessoria também informou que na UFC, estão sendo ministradas aulas remotas conforme o Plano Pedagógico de Emergência (PPE), implementado desde o dia 20 de julho. “Entre as ações do PPE para auxiliar os estudantes em vulnerabilidade socioeconômica, para que estes possam acompanhar as aulas remotas, a UFC publicou dois editais que disponibilizaram quase seis mil chips de planos de Internet móvel (3G/4G) com 20 GB de dados, válidos de julho a dezembro deste ano, para estudantes de graduação e pós-graduação. Os contemplados no primeiro edital da ação de Inclusão Digital já receberam seus chips”.

"Além disso, a UFC está disponibilizando laboratórios de informática com computadores aos estudantes que não possuam equipamentos compatíveis e optem por assistir às aulas remotas nas dependências da Universidade, com uso sujeito às diretrizes de biossegurança definidas pelo Ministério da Educação e pelas autoridades sanitárias. Há alguns dias, inclusive, divulgamos o início da entrega de novos computadores para unidades acadêmicas da Capital e do Interior", afirma a assessoria.


"Na terça-feira (21), docentes das unidades do Campus do Pici questionaram o andamento da distribuição dos 6 mil chips aos estudantes". / Foto: Governo Federal

O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC) divulgou nota onde informa que “Na terça-feira (21), docentes das unidades do Campus do Pici questionaram o andamento da distribuição dos seis mil chips aos estudantes, considerada medida insuficiente de inclusão digital por estudantes e professores. Os/as professores/as reclamaram que o semestre foi retomado mesmo sem a entrega dos chips para todos os/as alunos/as”.

Sobre o PPE, a nota ainda informa que na terceira plenária, realizada no dia 22 de julho, vários relatos enfatizaram a maneira antidemocrática de elaboração do PPE e o receio generalizado pela obrigatoriedade do cumprimento do Plano sem que suas demandas e preocupações tivessem sido levadas em conta pela administração superior.

Escolas

A filha da coordenadora de unidade de saúde, Roberta Ribeiro, estuda em uma escola particular. Roberta informa que a escola ficou um curto espaço de tempo parada, mas que depois passou a dar aulas online. Mas por causa da sua rotina de trabalho home office e por ter apenas um computador em casa ela explica que sua filha não tem assistido às aulas. “Além disso, ela está no Infantil ainda. Então uma aula online é algo complicado de manter”.

Roberta afirma que a escola está dando as aulas, passando as atividades e se prontificando a dar suporte, mas as aulas remotas trazem algumas complicações para o acompanhamento das atividades. “Eu imprimi algumas atividades na internet, fiz com ela [filha], mas eu trabalho na área de saúde e parar não é uma opção”.

De acordo com ela, sua maior preocupação com o retorno das aulas é quanto às crianças que moram com idosos. “No meu caso, com a minha filha, eu tive covid-19, ela estava sozinha comigo, então, provavelmente também desenvolveu. Porém, segundo registros, crianças são mais vetores do que propriamente sintomáticas. Então, no caso dela, visto às pessoas que ela tem acesso, é mais tranquilo. A nem todo mundo se aplica”.

As aulas na escola onde sua filha estuda ainda não têm previsão de retorno. “Esperávamos que voltasse em agosto, mas ainda não foi informado nada de efetivo”.

Damiana Moizéis, tecnóloga em saneamento ambiental, informa que suas filhas estudam em escola pública municipal e que nesse período de pandemia as professoras fizeram grupos em redes sociais onde repassam as atividades. Sobre a rotina com as aulas remotas ela explica que no inicio foi muito complicado devido o acúmulo de funções, além das mudanças sentidas por suas filhas. “A mudança de rotina para as meninas foi difícil, desde o horário de acordar e dormir, até a falta que sentiam das professoras e dos colegas. Ainda continua difícil, mas um pouco menos”.

Já em relação ao retorno das aulas, ela diz. “Caso retorne decidi não levar mais esse ano. Só no caso de haver a vacina, caso contrário, não. Inclusive, apoio a greve dos profissionais da educação. O risco de contágio será enorme.Nada vale o preço de uma vida”.

Edição: Monyse Ravena