Pernambuco

SAÚDE

Covid-19 avança na Penitenciária de Petrolina e atinge 26% dos detentos

Unidade contabiliza o primeiro óbito e 324 contaminados entre as 1.214 pessoas privadas de liberdade no local

Brasil de Fato | Petrolina (PE) |
Desde junho, vídeos repercutem nas redes sociais com imagens de detentos reivindicando direitos básicos na penitenciária - Reprodução/TV Grande Rio

Em consonância com o cenário nacional, o sistema prisional da cidade de Petrolina, no Sertão pernambucano, também indica um crescimento no número de casos de covid-19 e preocupa especialistas. De acordo com o boletim da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) desta terça-feira (04), até o momento, na Penitenciária Dr. Edvaldo Gomes, 324 detentos contraíram a doença e um veio à óbito. 

Desde junho, vídeos repercutem nas redes sociais com imagens de detentos reivindicando direitos básicos. Um deles mostra o que seriam presos contaminados com a doença deitados em colchonetes no corredor da penitenciária. Os familiares, preocupados com a situação, deram visibilidade à situação que os detentos enfrentam durante a pandemia.

Para Aristóteles Cardona, médico e professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco em Petrolina, a quantidade de detentos dificulta a tomada de ações como o isolamento social. “A gente sabe que é uma grande realidade, quase que sem exceções, encontrar presídios com superlotação; e se a gente joga essa realidade diante de uma necessidade de isolar as pessoas doentes, de manter medidas mínimas de distanciamento social, certamente dá pra gente imaginar que isso vai ser difícil”. Segundo a Seres, a penitenciária tem capacidade para 830 internos, e hoje conta com 1214 presos. 

“Não estamos falando ‘apenas’ desses presos. Estamos falando dos familiares desses presos também, porque mesmo que a gente tenha a política de restringir as visitas dos familiares, isso também traz repercussões e problemas para eles e para o sistema familiar como um todo”, explica o médico, que reforça que os presídios precisam ser melhor preparados e medidas mais eficazes precisam ser promovidas. "Por exemplo, reavaliar a situação de tantos presos que ainda estão detidos quando poderiam estar em liberdade provisória. Há mecanismos jurídicos que podem ser avaliados pra isso para que a gente possa conter [o avanço da doença]. projeta.”

De acordo com o Governo de Pernambuco, a unidade conta com pavilhão específico para os detentos que são positivados com a doença e há uma unidade de saúde própria no local para prestar assistência. Os testes estão sendo feitos em parceria com a Prefeitura de Petrolina, que se limita a mapear os casos fornecendo testes rápidos. 

A SES-PE junto à Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) afirma estar implantando um conjunto de medidas para garantir a atenção à saúde na unidade, incluindo orientação das equipes e profissionais de saúde sobre o controle da infecção; acompanhamento diário por profissionais de saúde das Equipes de Atenção Primária Prisional e encaminhamento para assistência em unidade de referência da Rede de Atenção à Saúde em caso de agravamento dos sintomas. 
 

Edição: Vanessa Gonzaga