Pernambuco

PANDEMIA

No Dia Nacional da Saúde, enfermagem enfrenta precarização e alta taxa de letalidade

PE chega hoje aos 100 mil casos de covid-19; Enfermeiras são as profissionais que mais morrem da doença no mundo

Brasil de Fato | Recife (PE) |
A Procuradoria Regional do Trabalho emitiu um Laudo Pericial indicando uma possível irregularidade nas máscaras que eram entregues a vários profissionais de saúde - Andrea Rego Barros/PCR

Neste Dia Nacional da Saúde, 05 de agosto, a pandemia de coronavírus impõe desafios a categoria das enfermeiras e enfermeiros. Nesta quarta (05), a Procuradoria Regional do Trabalho proferiu um Laudo Pericial indicando uma possível irregularidade nas máscaras que eram entregues a vários profissionais de saúde do estado como máscaras cirúrgicas distribuídas.

Na data, Pernambuco também chega à triste estatística de 100 mil casos de covid-19 no estado. De acordo com o boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), o estado totaliza 100.321 casos confirmados, sendo 23.955 graves e 76.366 leves. O boletim informa um total de 6.758 mortes pela doença. Com relação à testagem dos profissionais de saúde com sintomas de gripe, em Pernambuco, até agora, 19.363 casos foram confirmados e 26.855 descartados de acordo com os testes realizados até agora.

 Entre os profissionais de saúde, os enfermeiros são os profissionais que mais morrem de covid-19 e o Brasil é o país onde mais morrem trabalhadores da categoria no mundo inteiro, segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN).

“Na Secretaria Municipal de Saúde a gente vinha batendo nessa tecla de que os enfermeiros estavam recebendo equipamentos de má qualidade, que inclusive entramos com esse processo no Ministério Público do Trabalho. O Ministério Público reconheceu a ineficiência do equipamento que estava sendo entregue e os profissionais estavam sendo expostos ao risco”, afirmou a enfermeira Joana Darc de Oliveira, que conclui “Então esses números [de mortes e infectados na categoria] representam essa falta de olhar dos governantes para os profissionais, a falta de investimento no sistema de saúde, no SUS como um todo”.

A categoria percebe que a pandemia apenas potencializou muitas dificuldades que já existiam antes, relacionados aos investimentos do poder público em saúde e na proteção dos seus profissionais. "Uma das coisas que a gente mais vem denunciando desde o início da pandemia é com relação aos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Eles sempre foram escassos e essa escassez se tornou absurda durante esse período da pandemia, porque houve um aumento da necessidade da utilização desses equipamentos e uma falta no mercado", afirmou Ludmila Outtes, presidenta do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco (SEEPE).

Apesar de ser um dia para refletir a importância da saúde pública e homenagear os profissionais de saúde, este ano a categoria percebe a data com mais pesar do que vitórias. “Para comemorar, infelizmente, nós não temos nada, porque nós só estamos perdendo. Nós perdemos amigos, perdemos colegas de profissão, os familiares desses amigos perderam entes queridos, alguns que foram internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ainda estão se recuperando.”, disse Joana, que conclui “A única coisa que ainda temos para comemorar é pelos que ainda estão vivos”.

O Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco (SEEPE) vem realizando protestos ao longo deste período para reivindicar melhores condições de trabalho para a categoria através das redes sociais e indo às ruas. Entre as pautas, está a melhoria salarial, a garantia de Equipamentos de Proteção de Individual (EPI) adequados, e a ação de mecanismos para impedir a sobrecarga de trabalho. “A gente percebeu que a população está entendendo a nossa importância e o nosso papel, mas os governantes não. Eles pedem aplausos, mas os aplausos não repõem as nossas vidas”, afirmou Joana.

Edição: Vanessa Gonzaga