Minas Gerais

CARNAVAL

"Não vamos desfilar em cima do luto de ninguém" desabafa carnavalesco

Blocos e escolas propõe adiamento da festa para julho. No entanto, Belotur segue sem abrir diálogo sobre o assunto

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
Carnaval BH, carnaval de bh
"A proposta apresentada pelos blocos e escolas de samba é que o carnaval, a princípio, seja adiado para julho de 2021." - Alexandre Guzanshe/PBH

O segundo semestre de 2020 já começou, mas a pandemia do coronavírus segue em alta. No calendário, faltam seis meses para o carnaval de 2021. Em outras épocas, os ensaios, oficinas e preparativos para o festejo já estariam a todo vapor. No entanto, nos galpões e barracões os carnavalescos seguem em debate sobre a atual situação frente à pandemia. A proposta apresentada pelos blocos e escolas de samba é que o carnaval, a princípio, seja adiado para julho de 2021. O que daria às entidades um ano de preparação e organização.

Mas até o momento a prefeitura de Belo Horizonte segue sem diálogo sobre a situação. As entidades justificam que estabelecer uma nova data é fundamental para que os carnavalescos possam se planejar.

"A prefeitura precisa continuar cuidando da vida das pessoas, isso é prioridade. Mas precisa também discutir editais e regramentos para o carnaval. Se a gente não tiver um ano de preparação, o que nós vamos fazer é administrar o caos. Escola de samba não vai desfilar em cima do luto de ninguém, não vai desfilar sem segurança sanitária", desabafa Márcio Eustáquio, Presidente da Liga das Escolas de Samba de Minas Gerais.

Apesar de pressão dos blocos e escolas, PBH ainda não definiu se adia ou não Carnaval de 2021

O presidente explica ainda que a cada dois meses a Liga avalia a situação da pandemia no estado para verificar se a projeção para julho deve ou não ser mantida. Na avaliação de Felipe Reis, Diretor de Relações Institucionais da Liga Belorizontina dos Blocos, o diálogo com a Belotur precisa avançar. "A PBH conta com a Belotur para este diálogo e neste momento a Belotur não tem uma gestão adequada. Precisamos ter paciência com o prefeito para ele entender que está sendo mal representado", critica.

Questionada pela nossa reportagem sobre os apontamentos dos carnavalescos a prefeitura de BH, por meio da Belotur afirmou que "não há nenhuma definição sobre o Carnaval de Belo Horizonte 2021, a Prefeitura segue focada nas ações de combate à pandemia".

Impactos econômicos

A complicada situação das instituições, se reflete também na vida das pessoas que constroem as escolas e blocos.  Agnaldo Müller presidente da Associação dos Blocos Afro de Minas Gerais - ABAFRO- MG explica que o carnaval tem uma grande cadeia produtiva na periferia. "Fragilizou a situação econômica e psicológica de todos. E a população negra é a mais vulnerabilizada em todos os processos que decorrem da pandemia. Toda a cadeia fica assim comprometida, da estruturação, até às vivências e transmissão de saberes”.

Situação semelhante vivem os integrantes das escolas de samba. "A gente é da quebrada. Sabemos que o nosso pessoal está na UPA, estão entubados, morrendo. Sendo obrigado a ir trabalhar em ônibus cheio. Sem contar a situação financeira da periferia que é vexatória”, relata Márcio Eustáquio, presidente da Liga das Escolas de Samba de Minas Gerais.

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Edição: Elis Almeida