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CORONAVÍRUS

Alto risco de contaminação de trabalhadores do agronegócio preocupa sindicatos em PE

Entidades sindicais da categoria formaram um comitê para cobrar ações das prefeituras e dos governos estadual e federal

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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No Brasil, são cerca de 4,8 milhões trabalhadores e trabalhadoras rurais assalariados, de acordo com IBGE - Valter Campanato/Agência Brasil

Desde o início da pandemia, o agronegócio brasileiro está listado entre as atividades produtivas consideradas essenciais pelo Governo Federal através do Decreto nº 282/2020. Com isso, não houve uma diminuição do fluxo de pessoas e nem isolamento social dos trabalhadores nos ambientes de produção do setor, seja nas agroindústrias ou nas grandes fazendas.

No Brasil, são cerca de 4,8 milhões trabalhadores e trabalhadoras rurais assalariados, de acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), isso sem contar com trabalhadores da área da pecuária e indústrias de beneficiamento. A falta de medidas sanitárias nesses setores foi determinante para chegar a 213 o número de investigações ativas no Ministério Público do Trabalho (MPT) para apurar denúncias nas empresas do setor em 22 dos 27 estados do Brasil.

“Esses fatos contribuíram diretamente para a contaminação de milhares de pessoas, sobretudo em grandes frigoríficos de processamento de carnes, onde o ambiente é propício para a disseminação do vírus. Soma-se a isso também o fato de as indústrias na maioria das vezes estarem mais preocupadas com a não contaminação dos produtos do que com os seus próprios trabalhadores, não tomando assim todas as medidas sanitárias adequadas para prevenção do vírus”, afirmou Emanoel Messias Alves Quirino, presidente do Sindicato Dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (STR) do município de Terezinha, localizado no sertão pernambucano.

Percebendo o aumento do número de trabalhadores rurais contaminados, foi criado um comitê para articular a categoria quanto às medidas de proteção, formado por movimentos populares e sindicatos de trabalhadores rurais, como a Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Rurais do Estado de Pernambuco (FETAPE); Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem-Terra (MST); Sindicato Dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (STR), entre diversas outras organizações. 

“Nós temos formado um comitê em Pernambuco que envolve mais de 26 instituições que tem feito uma articulação para estarmos pressionando os poderes: prefeituras, Governo do Estado e Governo Federal”, afirmou Cícera Nunes, presidenta da FETAPE, que completa “Com a desorganização do governo federal, as cidades do interior tem crescido o número e as regiões onde tem o agronegócio dominando e isso tem piorado bastante, porque as pessoas não tem tido o acesso necessário para a saúde” lamenta.

Agrotóxicos e Saúde

Emanoel percebe que o manejo de agrotóxicos por trabalhadores rurais do agronegócio é algo deixa a saúde da categoria ainda mais vulnerável, mas segue sendo utilizado de forma descontrolada nas lavouras em todo o estado “É importante observarmos que o agronegócio tem um de seus pilares de sustentação fundamentado no uso indiscriminado de agrotóxicos, o que é muito perceptível na maioria dos ambientes de produção agrícola e agropecuária”. 

O sindicalista teme que essa condição agrave ainda mais as defesas do organismo dos trabalhadores que podem ser infectados “as pessoas que trabalham durante muito tempo expostas à esses agentes nocivos já tem uma diminuição natural da resistência do organismo a outros problemas de saúde, como os causados pelo coronavírus”,  falou o presidente do STR de Terezinha, que concluiu “Constata-se que no agronegócio faltou controle e regras de funcionamento que garantissem a segurança e sanidade dos trabalhadores envolvidos nesses ambientes de produção” conclui.

Edição: Vanessa Gonzaga