Paraná

SAÚDE

Gestante relata dificuldades para atendimento no serviço de saúde municipal

Com a pandemia, maternidade referência em parto humanizado foi desativada

Curitiba (PR) |
Gestantes estão sendo atendidas no mesmo local destinado a pacientes com Covid-19, porém em alas separadas - Giorgia Prates

Em Curitiba, já são mais de 33 mil pessoas infectadas pela Covid-19. Os óbitos chegam à marca de mil. A ocupação dos leitos de UTI passa dos 92%. Uma doença contagiosa, ainda sem cura. É nesse cenário que Jocilaine Fuckner Alves gesta uma nova vida, Davi, que está há 36 semanas em seu ventre. 

Jocilaine tem vivido praticamente a gestação inteira em quarentena. A descoberta do sexo do bebê veio na mesma semana em que foram implementadas medidas de isolamento social, em março. A vida foi restringida à casa e toda a rotina de exames e acompanhamento médico também foi modificada. 

Jocilaine era atendida na Unidade de Saúde Concórdia, no Pinheirinho. Com a Covid-19, foi transferida para a Unidade Sagrado Coração, no mesmo bairro. “Aumentou muito a aglomeração lá, porque são dois postos num só. Venho sendo atendida pela enfermeira e pelo médico do Concórdia, porém no posto de saúde do Sagrado Coração”, explica. 

O parto seria realizado na Maternidade Bairro Novo, que é referência em parto humanizado. Com a pandemia, a maternidade foi desativada e o hospital destinado ao atendimento à Covid. Jocilaine, então, foi transferida para a maternidade Mater Dei. 

Na última semana, no entanto, ela foi encaminhada para fazer uma ecografia na Maternidade Bairro Novo. As gestantes estão sendo atendidas no mesmo local destinado a pacientes com Covid, porém, em alas separadas. Jocilaine conta que, com medo de se expor ao vírus, preferiu não fazer o exame no Bairro Novo. 

“Não tenho ido em mercado, farmácia, mal vejo minha mãe, meus familiares, vida social zero. De repente, eu me arriscar de ir lá onde estão sendo atendidas pessoas contaminadas. Isso me deixou bastante triste e frustrada”, conta. 

Gestar em uma pandemia tem sido um teste de resistência. “O cuidado é redobrado, os medos são redobrados. O emocional fica muito abalado. Aí tem mais as questões dos hospitais, dos exames. Cada vez que é pra ir no postinho, como eles também recebem pessoas com sintomas [da Covid-19], a gente fica apreensiva. Mexe muito com o emocional.” 

 

Edição: Gabriel Carriconde