Paraná

EDUCAÇÃO

Ratinho Jr. faz desmonte de ensino de adultos e exclui trabalhadores

Fórum Permanente reivindica o retorno da organização anterior com matrículas por disciplina

Curitiba (PR) |
Sirlei Gonçalves, aluno de ensino médio da EJA, em Londrina (PR) - Arquivo Pessoal

“Uma das características da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é dar condições de entrada e permanência ao aluno trabalhador”, defendeu Sirlei Gonçalves, aluno de ensino médio da EJA, em Londrina, no programa do Brasil de Fato Paraná que debateu o desmonte dessa modalidade no Paraná. 

Até 2019, os estudantes tinham a opção de cursar disciplinas individuais e frequentar a escola de acordo com sua disponibilidade. A partir de 2020, o governo Ratinho Junior obrigou todos a se adaptarem a um novo modelo, semestral, com quatro disciplinas ao mesmo tempo e exigência de frequência diária. 

O sistema flexível atendia pessoas com dificuldade de estudar diversas matérias ao mesmo tempo ou cuja escala de trabalho impedia a frequência diária. Sirlei, por exemplo, teve de parar de estudar aos 8 anos quando seus pais se separaram e começou a ajudar a mãe na roça. Atualmente, trabalha o dia inteiro e viu na EJA a possibilidade de realizar o sonho de fazer faculdade.  

Com as mudanças de agora, tem enfrentado dificuldades e já viu alunos desistirem. “Até 2019 a gente tinha uma flexibilidade para poder estudar, por isso escolhi a EJA, mas agora complicou. A minha esposa, por exemplo, desistiu por causa do novo formato.”  

A secretária de assuntos educacionais da APP Sindicato e integrante do Conselho Estadual de Educação (CEE), professora Taís Mendes, explica que o parecer que alterou a oferta da EJA no Paraná foi votado no final de 2019. Lá, o sindicato protestou e denunciou os danos. “Nós denunciamos e alertamos que essa nova proposta não daria certo. Mas este governo não escuta os educadores nem respeita o direito dos estudantes. A maioria das pessoas que se matriculam na EJA são trabalhadores ou pessoas de certa idade. Alguns não têm como frequentar a escola todos os dias”, explica. Já no início do ano, as matrículas diminuíram e, com a pandemia, as dificuldades, segundo Tais, se aprofundaram. “Por isso, várias denúncias chegaram ao Conselho Estadual de Educação e com isso, o debate foi reaberto. Porém a Secretaria Estadual de Educação se mantém irredutível,” diz. 

Edição: Gabriel Carriconde