O rádio é um dos meios de comunicação mais escutados no Brasil e em Recife. É o que diz a pesquisa do instituto Kantar Ibope Media que indica que 83% da população brasileira, bem como 84% da população recifense ouve rádio regularmente. No dia 25 de setembro, que é a data de nascimento do brasileiro Roquette Pinto, considerado o pai do meio de comunicação, é comemorado no país o Dia Nacional do Rádio, que é um dos meios mais antigos e mais queridos do brasileiro e o acompanha no carro, em casa, no celular e também na internet, além de ser uma forma de organização comunitária.
Na comunidade do Bode, no bairro do Pina, zona Sul do Recife, os próprios moradores e moradoras produzem a rádio comunitária “A Voz da Lama”, por não se sentirem representados pelas informações que são publicadas pelas mídias comerciais. Mas ao invés de serem transmitidos pelo rádio convencional, eles são transmitidos por bicicletas de som e barcos com alto-falantes que circulam pela região.
“A gente sabe que a informação não é democrática dentro da comunidade. Ela é empurrada pelos meios de comunicação tradicionais, nas emissoras tradicionais, mas a informação não é personalizada para as demandas da comunidade”, afirmou a advogada, coordenadora da livroteca e comentarista jurídica da rádio Jessica Jansen, que ressalta “A gente busca trazer essa informação para a gente, que é a informação feita pelos moradores e moradoras do Bode para os moradores e moradoras do Bode”.
Essa “rádio de andada” é uma iniciativa da Livroteca Brincante do Pina com o apoio de voluntários para que fazer com que informações sobre direito, denúncias, saúde popular e redução de danos, por exemplo, chegassem aos moradores da periferia do asfalto às palafitas e que hoje está inclusive no Spotify. “Convidamos pessoas para falar de vários temas de uma forma bem lúdica. A gente usa a poesia para falar sobre gênero, política, levando a informação para os becos e palafitas através da bicicleta e agora também do barco”, disse o criador da Livroteca Brincante do Pina e um dos roteiristas da rádio, Kcal Gomes, também conhecido como traficante de livros. “Aqui existe uma grande desinformação, então a função da rádio é fazer o contrário”, conclui.
A terceira região metropolitana de maior tempo médio de consumo do ouvinte é a do Recife, com 4 horas e 50 minutos, ficando atrás apenas de Belo Horizonte (MG) e Fortaleza (CE). Em todo o país, 93% da população acompanha os noticiários locais, 38% utiliza serviços de streaming e 3 em cada 5 pessoas ouve rádio diariamente.
O rádio alcança diversos públicos, pela sua diversidade de conteúdo e também pela possibilidade de dar dicas e informações de uma forma popular, descontraída e democrática. “Como a gente fala de tudo, mas de tudo dentro da nossa realidade, todo mundo para escutar, as crianças, os adultos, os jovens. Os jovens que prestam atenção nas matérias de redução de danos e até pessoas que pegam as informações sobre tratamentos fitoterápicos com plantas”, ressaltou Jéssica.
Edição: Vanessa Gonzaga