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CULTURA

O que tu indica? | Literatura brasileira

A indicação da semana é ler e sentir o nosso Brasil, sobretudo, para compreender o chão que pisamos

Brasil de Fato | Recife (PE) |
A leitura é colocada como um instrumento importantíssimo para fazermos a batalha das ideias - Rovena Rosa/Agência Brasil

Esta coluna é iniciada na mesma semana em que se comemora o aniversário de Darcy Ribeiro e o dia nacional do Livro. Ter “Darcy” e “nacional” em uma mesma frase se caracteriza como redundância, ou algo um tanto repetitivo em uma leitura. Contudo, para chegar a essa conclusão confusa, precisei mergulhar em “O Povo Brasileiro”, escrito que nos traz a história da formação do Brasil. Simplistamente, deduzo ser muito fácil colocar o dia Nacional do livro na mesma semana do aniversário do escritor, ou em uma brincadeira do destino, Darcy nascer na mesma semana em que é inaugurada a biblioteca Nacional do Rio de Janeiro pela Coroa Portuguesa. 

Entre contradições e jogos de datas, vai se formando uma história cheia de referencias que os livros nos contam em um tom de intimidade. Caminhando entre “Becos da memória”, tropeçamos em Conceição Evaristo, tecendo andadas cotidiana dos nossos. Mesmo sendo escrito na década de 1970 e indo ao mundo 20 anos depois, é possível visualizar nesta obra o passado no presente; favelados, meninos e meninas de rua, mendigos, desempregados e para que existam esses sujeitos, se faz necessário a existência dos empresários, senhores e senhoras de posse... Florestan Fernandes lê isto, entre o arcaico e o moderno, como a modernização do passado. 

Nosso Brasil interpretado pela literatura, contado e sentido pelo povo, é iluminado sob “O sol na cabeça”, livro de Geovani Martins, jovem do Bangu no Rio de Janeiro, mas que poderia ser um morador do Ibura, no Recife, suas realidades se aproximam pelas mazelas sociais e se separam do ponto de vista geográfico. É através da leitura que conseguimos unir e enxergar a semelhança entre os marginalizados cariocas e pernambucanos. 

A leitura é colocada como um instrumento importantíssimo para fazermos a batalha das ideias, é nela que o escondido resplandece e a solidão é compartilhada, materializando isso, utilizando o livro como uma arma de transformação social, surge dos movimentos populares a iniciativa da Rede de Bibliotecas Populares no Recife. Popularizando a leitura e levantando o livro como uma bandeira hasteada a se defender e lutar. 

Nesse sentido, a indicação da semana é para nos lambuzarmos, ler e sentir o nosso Brasil, sobretudo, para compreender o chão que pisamos através dos livros. 

*Louise Xavier é estudante e militante do Levante Popular da Juventude

Edição: Vanessa Gonzaga