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Ciência Popular | Ciência e autonomia

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Há uma tendência de desinvestimento das nações declaradamente dominadas - Sumaia Villela/Agência Brasil
Alguns países investem mais que outros, o que gera uma grave assimetria

A questão mais básica que se pode levantar sobre a ciência é: porque as nações precisam investir em produção de conhecimento? Desde as épocas mais remotas até hoje, a ciência foi condição necessária para sobrevivência dos povos. O domínio do fogo e da preparação das armas para caça e para guerra, a produção da vacina contra a covid-19 ou mesmo a oferta de espaço nas nuvens de dados são frutos de experimentos dentro e fora das universidades e centros de pesquisa. Esta é a experiência da produção de conhecimento que é materializada sob forma de ferramentas que facilitam e prolongam a nossa existência no planeta. 


Obviamente cada região ou cada país tem suas especificidades em termos de clima, doenças, potenciais e carências. Há doenças na floresta Amazônica que não são observadas no Alaska. Portanto, é fundamental ter pesquisadores (acadêmicos formais ou não) em todos os países. Este seria o caso ideal. No entanto, alguns países investem mais que outros, o que gera a grave assimetria de dominados e dominadores. 


A inteligência das pessoas está uniformemente distribuída por todo o planeta, o que mostra que não deveria existir assimetria entre os hemisférios norte e sul. O que há mesmo é uma tendência de desinvestimento das nações declaradamente dominadas, que assumem ser campo de exploração para as ditas “mais ricas”. 


Quando uma campanha de desvalorização do potencial de uma nação toma espaço, este é fruto de ação de atores financeiros do capital estrangeiro, que tenta dominar o país com a menor resistência possível. Primeiro convencendo-os de sua total incapacidade intelectual, depois explorando os recursos naturais e então escravizando-os pelas vitrines das lojas, quando sonham para depositar seus ricos dias de trabalho em marcas produzidas com sua matéria prima, por vezes até por seu próprio esforço.  

 
Esta é a escravidão moderna, que estimula o complexo de vira-lata ao mesmo tempo em que drena o potencial de todo um povo. E faz isso estimulando o ódio entre as pessoas, convencendo-as a permanecer em uma bolha alimentada pelas redes sociais. Quem perde é a autonomia de uma nação, quem perde é o povo. Povo que somos todos nós.

Edição: Vanessa Gonzaga