Pernambuco

Eleições 2020

Mendonça Filho promete cortar cargos e reduzir IPTU em até 20% para a classe média

Ex-ministro de Temer, candidato criticou política habitacional do Recife e propôs reduzir impostos para grandes empresas

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Mendonça foi deputado estadual, deputado federal, vice-governador da gestão Jarbas Vasconcelos (1999-2006) e governador (2006), sempre filiado ao DEM. - Comunicação DEM

O programa Opinião Pernambuco recebeu Mendonça Filho (DEM), oitavo convidado na série de entrevistas realizada pela TV Universitária Recife com os candidatos a prefeito do Recife. Mendonça tem 54 anos, foi deputado estadual (1986-94), deputado federal (1995-98), vice-governador da gestão Jarbas Vasconcelos (1999-2006) e governador (2006), sempre filiado ao DEM. Voltou a ser deputado federal (2011-2018), com parte do tempo assumindo o cargo de Ministro da Educação nomeado por Michel Temer. Na sabatina o candidato falou de armar a Guarda Municipal, reduzir cargos comissionados e até do golpe contra Dilma Rousseff. As entrevistas do Opinião Pernambuco são transmitidas às 19h30 na TV Universitária Recife (canal 11), na Rádio Universitária (99,9 FM) às 17h e ficam disponíveis no canal da TVU no Youtube.

Na convenção partidária que confirmou a candidatura de Mendonça, usou-se a frase “Recife acima de tudo”, que dá nome a coligação que apoia o candidato, numa evidente alusão ao slogan bolsonarista “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. No entanto, pesquisa recente do instituto Ibope aponta que a gestão Bolsonaro é considerada ruim ou péssima por 44% dos recifenses, enquanto apenas 25% consideram positiva. O candidato se mostrou atento aos indicadores. “Meu slogan correto é o ‘Prefeito de verdade’. O nome da nossa coligação faz referência ao interesse maior, que é o do Recife, que tem estado subordinado ao interesse de uma única família ou de um grupo político que se reveza no poder”, disse ele, sem mencionar o presidente Jair Bolsonaro.

O candidato disse que a educação é o centro das suas propostas para o Recife. “Meu compromisso é colocar o Recife entre as cinco melhores capitais na educação. Uma boa educação amplia as chances de empregabilidade”, assegurou Mendonça, mencionando ainda o desempenho da capital pernambucana nas avaliações da educação básica. “É a 22ª entre as 26 capitais do Brasil, uma situação crítica. É um descaso com uma área básica”, disse ele culpando “a esquerda”. O candidato do DEM considera que “o povo do Recife vive em condições sociais críticas e isso piorou durante os 20 anos de governo do PSB e do PT”.

Mendonça Filho também criticou o desempenho das gestões anteriores na entrega de habitações populares. O Recife tem hoje um déficit habitacional de mais de 70 mil moradias. “Temos cerca de 2.400 habitações populares esperando para serem concluídas. Esse é o descaso com a área social, tão defendida pelo PT e pelo PSB na propaganda, mas abandonada na prática”, atacou o candidato do DEM.

Para segurança pública ele se disse favorável ao porte e posse de armas para a Guarda Municipal, “em defesa do patrimônio da cidade e do cidadão”. Ainda para os guardas, o candidato garante a criação de uma “academia”, “com propósito de formação inicial e continuada dos guardas municipais”. A revitalização de espaços públicos também está no foco do ex-deputado. “Espaços públicos degradados e abandonados, praças e parques sem manutenção, são áreas facilmente dominadas pela criminalidade. Vemos muito isso no centro do Recife. A nossa gestão vai resgatar esses espaços”, prometeu.

Assista a entrevista na íntegra:

Outra prioridade, segundo Mendonça Filho, será o estímulo ao empreendedorismo. Para ele, desburocratizar a própria prefeitura e estreitar relações com o empresariado local é suficiente para impulsionar pequenas empresas. “Quanto mais você desburocratiza a máquina pública, mais gera oportunidade de trabalho. A relação da prefeitura com o setor privado é muito burocratizada e cara na cobrança de impostos”, apontou. “Vamos reduzir o IPTU em pelo menos 6,25% para pessoas jurídicas e, para pessoas físicas, isso chegará a 20% de redução para as faixas médias, que contribuem com IPTU na nossa cidade”, diz o candidato. Mendonça também se comprometeu a reduzir taxa de lixo e acabar com a suposta ‘indústria da multa’, alegando que com tais mudanças, estará criando no Recife “um ambiente pró-geração de empregos”.

O candidato também promete reduzir entre 30% e 40% o número secretarias e de trabalhadores comissionados existentes atualmente. “São cerca de R$100 milhões gastos em cargos de confiança. É o verdadeiro aparelhamento feito pela esquerda. Vamos tirar essa ‘tetinha’ e redirecionar esse recurso para atender a população”, prometeu o candidato. Reduzindo na mesma proporção o número de secretarias, restariam em torno de 15. O candidato também prometeu realizar concursos públicos. “O primeiro vai ser para professor. Os educadores não aguentam mais esses contratos temporários. E quem vai fazer esse concurso vai ser um candidato de centro-direita, Mendonça Filho. O discurso da esquerda é um, mas a prática é outra”, assegurou.

Ainda no tema da gestão o candidato foi questionado sobre corrupção, já que seu companheiro de partido, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), foi encontrado recentemente com dinheiro na cueca supostamente desviado de recursos para o combate à pandemia. “Pode até haver nomes do Democratas envolvidos em casos de corrupção, mas ele nunca terá aval do partido”, disse ele, mencionando ainda Lula (PT) e Ricardo Coutinho (PSB), ambos acusados de corrupção e com posições influentes em seus partidos.

Ele também foi perguntado sobre ter sido ministro do governo Michel Temer (MDB), uma gestão considerada ilegítima por parte do país, que viu no impeachment um “golpe” sem justificativa legal. O candidato se irritou e atacou o entrevistador Valdir Oliveira. “Esse é um juízo seu e isso não corresponde à realidade. Sofri oposição em repartições públicas e universidades, é fato que isso aconteceu, mas eu atribuo exclusivamente ao aparelhamento”, disse Mendonça. “Dilma levou o Brasil ao caos e à mais profunda recessão de todos os tempos, uma crise social intensa e crimes de responsabilidade”, opinou. “Essa narrativa de golpe é uma narrativa da esquerda, especialmente a esquerda universitária, que não respeita a legalidade e a Constituição, salvo quando lhe interessa”, voltou a atacar, afirmando mais de uma vez que a TV Universitária, onde o programa é transmitido, é parte da UFPE. “A esquerda foi esmagada nas urnas. O PT instituiu no Brasil uma cleptocracia, uma democracia instituída para roubar o dinheiro público”, avaliou.

Edição: Vanessa Gonzaga