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Mineração sem dano ambiental: é possível?

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O acúmulo deste grande “lixão aquoso” é um risco iminente para os grandes desastres ambientais - Divulgação / Vale
Não há mais espaço no planeta para barragens de resíduos

A atividade tradicional de mineração tem sido acompanhada de um rastro de grande devastação ambiental. Este processo é agravado pelo consumo excessivo de água e pela geração de uma quantidade ainda maior de efluentes não aproveitados. E esta água contaminada com compostos usados no beneficiamento de minérios e de resíduos dos metais extraídos segue para grandes barragens a céu aberto, sujeitas às intempéries e à conversão dos resíduos em agentes ainda mais perigosos como o ácido sulfúrico.   

O acúmulo deste grande “lixão aquoso” é um risco iminente para os grandes desastres ambientais: que Mariana nunca seja esquecida. Para toda a atividade de exploração do ambiente é fundamental planejar o passo seguinte à geração de resíduos e o impacto sobre todas as formas de vida. 

A saída para uma mineração que agride minimamente o meio ambiente vem do uso reduzido da água nas operações. Não há mais espaço no planeta para barragens de resíduos – pelos riscos e pela escassez de água, pois além de ser uma estratégia que agride todas as formas de vida no planeta é comprovadamente ineficiente - muitos minérios seguem junto aos sedimentos. E extrair estes minérios ao invés de jogá-los fora é um desafio que vem sendo atribuído a seres diminutos: as bactérias mineradoras. A partir de um processo chamado biolixiviação, os rejeitos passam por rotas biotecnológicas para serem aproveitados novamente como metais. Desta “filtragem biológica” é possível extrair cobre e ouro de onde se vê apenas lixo. 

Uma simples busca pela internet mostra que a mineração por microorganismos tem aumentado a eficiência do processo de extração de minérios e reduzido a contaminação ambiental, introduzindo a possibilidade de um processo cíclico em que minerais são extraídos de resíduos, até que estes sejam de fato inertes. A conversão da economia linear, esta que explora a natureza e devolve contaminação em economia circular, que reaproveita resíduos como insumos para produção demonstra ser uma estratégia viável e possível para a remediação de toda e qualquer ação antrópica na terra. 

É chegado o momento de usar a biologia para tratar todos os resíduos produzidos pela ação humana. E neste processo o lucro precisa ser tratado como fator secundário, porque representa um acerto de contas com a natureza. Menos lixo representa maior expectativa de vida de nossa espécie neste pequeno ponto azul perdido no espaço.

Edição: Vanessa Gonzaga