Pernambuco

Eleições 2020

Com 56,3% dos votos, João Campos vence e PSB segue na Prefeitura do Recife

Aos 27 anos, João será o prefeito mais jovem da história da capital pernambucana; ele é filho de Eduardo Campos

Brasil de Fato | Recife (PE) |
De família de políticos e com apoio da Prefeitura e do Governo do Estado, o engenheiro civil e deputado federal João Campos, de 27 anos, é o prefeito mais jovem da história do Recife - Comunicação PSB

Neste domingo a população do Recife elegeu João Campos (PSB) como novo prefeito. Segundo filho do ex-governador Eduardo Campos (PSB), neto da ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) Ana Arraes e bisneto do ex-governador Miguel Arraes (PSB), ele obteve 448 mil votos (ou 56,3 % dos votos válidos). Campos está em seu primeiro mandato como deputado federal, integra a bancada de oposição ao presidente Jair Bolsonaro e, antes, foi chefe de gabinete do governador Paulo Câmara por dois anos. João é engenheiro civil formado na UFPE em 2016. Ele contou com os apoios do governador e também do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB) e, aos 27 anos, será o prefeito mais jovem a assumir a Prefeitura do Recife.


Neste 2º turno João Campos enfrentou sua prima de segundo grau, Marília Arraes (PT), neta de Miguel Arraes. A candidata do PT obteve 348 mil votos (ou 43,7% dos votos válidos). Marília tem 36 anos, é advogada formada na UFPE em 2007, foi eleita vereadora do Recife por três vezes (2008-2018), interrompendo o último mandato para disputar a Câmara Federal. Marília é a única mulher entre os 25 deputados federais de Pernambuco, tendo sido a 2ª mais votada em 2018, com 193 mil votos – o mais votado na ocasião foi justamente o estreante João Campos, que alcançou os 460 mil votos no estado. Marília foi formada politicamente no PSB, mas rompeu com o partido em 2014 e filiou-se ao PT em 2016.


No 1º turno João Campos obteve 233 mil votos (29,2%), enquanto Marília conquistou 223 mil (28%), uma diferença de apenas 10 mil votos, que neste 2º turno foi ampliada para 100 mil votos. A coligação de João Campos contou com 12 partidos: além do PSB, se somam o PP, MDB, SDD, PSD, REP, PROS, PV, PDT e Rede. A Rede, que não elegeu nenhum vereador, rompeu com o candidato neste 2º turno e declarou apoio a Marília. O PDT, que tem a vice na chapa, Isabella de Roldão, também não elegeu vereadores. O partido de Ciro Gomes foi dividido para a disputa, já que sua liderança mais conhecida na capital, o deputado federal Túlio Gadêlha, declarou apoio a Marília Arraes. A candidatura de Túlio foi cancelada pelo PDT para apoiar João Campos. O PDT espera que o gesto seja retribuído em 2022 com o apoio do PSB à postulação de Ciro Gomes (PDT) à Presidência da República.


A centro-esquerda compartilha a Prefeitura do Recife há 20 anos. No ano 2000 o hoje deputado estadual João Paulo (então no PT, hoje no PCdoB) foi eleito prefeito do Recife, reeleito em 2004 e fez o sucessor João da Costa em 2008, este último tendo um vice do PSB. O PT viveu uma disputa interna em 2012 e impediu a candidatura do prefeito à reeleição, abrindo espaço para o PSB lançar Geraldo Julio (PSB), que venceu a disputa e foi reeleito em 2016. As duas siglas tiveram rusgas entre 2012 e 2016, mas o PSB sempre esteve nas gestões petistas e o PT participa da gestão do PSB nos últimos anos, inclusive com algumas lideranças do PT sendo contrários à candidatura própria de Marília Arraes.


Apesar de os dois partidos terem relação cordial e de aliança na maior parte do tempo em que estiveram na gestão, o tom da campanha deste 2º turno foi fraticida, de ataques duros, envolvendo desqualificação pessoal, exposição de rusgas familiares e, na tentativa de conquistar o eleitorado da direita, uma aposta em taxar o adversário de “corrupto” (tanto os partidos, como os candidatos), num debate que pode ter comprometido a relação entre os partidos para o próximo período.


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Edição: Vanessa Gonzaga