Pernambuco

SÉRIE CÂMARA

Bolsonarismo cresce, mas segue sendo minoria na Câmara Municipal do Recife

Número de parlamentares que se identificam com pautas bolsonaristas saltou de dois para sete nessas eleições

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Além do PSC, que conquistou mais uma cadeira, o Podemos, o PSL e o PRTB ganharam espaço na Câmara - Divulgação

Na atual composição da Câmara do Recife os partidos mais alinhados com o “bolsonarismo” têm apenas dois vereadores: Renato Antunes e Fred Ferreira, ambos do PSC. Essa bancada subiu para sete parlamentares. Além do PSC, que conquistou mais uma cadeira, o Podemos (2), o PSL (1) e o PRTB (1) ganharam espaço.

O PSC foi o 4º partido mais votado da capital pernambucana, com 54,9 mil votos (6,7%). Os conservadores neopentecostais Renato Antunes e Fred Ferreira – da família do deputado estadual Manoel Ferreira (PSC), do deputado federal André Ferreira (PSC) e do prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira (PL) – obtiveram mais de 8 mil votos cada e conseguiram reeleição tranquila. A dupla ganhou a companhia de Felipe Alecrim, liderança da comunidade católica Santo Angelus.


Parlamentares de direita estão majoritariamente ligados ao fundamentalismo religioso e o conservadorismo / Vinícius Sobreira

O Podemos, que teve a candidatura própria à prefeitura com a delegada Patrícia Domingos, foi o 6º partido mais votado do Recife, com 42,2 mil votos (5,2%). A sigla fez dois vereadores, ambos bolsonaristas: o médico Tadeu Calheiros, ex-presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe); e o pastor e radialista Júnior Tércio. Este último é esposo da deputada estadual Clarissa Tércio e genro do pastor Francisco Tércio, todos do Ministério Novas de Paz (da Assembleia de Deus), que detém 150 templos no estado e a concessão da Rádio Novas de Paz, a de maior audiência na capital pernambucana. O casal Tércio estava no grupo que tentou invadir a maternidade do CISAM para impedir que uma criança de 10 anos, após estuprada pelo tio, realizasse um aborto legal.

O PRTB, que em 2016 elegeu Marco Aurélio – que em 2018 conseguiu ser eleito deputado estadual –, este ano elegeu um novamente: Marco Aurélio Filho. Ambos são bolsonaristas. O PSL não tinha vereadores e elegeu José “Doduel” Varela, advogado, ex-presidente da Associação de Moradores do Bongi e com histórico de atuação no bairro, assim como Mustardinha e Afogados. Com 2,3 mil votos, ele foi o vereador eleito com menos votos. Apesar de filiado ao PSL, em suas redes sociais Varela não faz referências a Bolsonaro ou a pautas bolsonaristas, mas faz muitas críticas à Prefeitura. No entanto, pelo histórico de atuação resolvendo questões de saneamento, buraco na rua, pode ser levado para a base governista.

“Nova direita” no zero

O Partido Novo, que estreou nas eleições em 2018 obtendo 46 mil votos no estado – sendo 22 mil no candidato a deputado federal Charbel Maroun –, não elegendo ninguém; este ano conquistou apenas 8,9 mil votos para a Câmara do Recife, com Charbel candidato a prefeito e fazendo apenas 3,8 mil votos e, novamente, não elegeu ninguém. O grupo de direita Movimento Brasil Livres (MBL) lançou como candidato a vereador Pedro Jácome (CD), mas ele alcançou apenas 872 votos, sendo o 8º dentro do seu partido (que só elegeu um). Um desempenho melhor teve Karla Falcão (CD), candidata do Livres, outro movimento de juventude de direita. Com 4.780 votos ela ficou em 3º lugar dentro do partido.

 

Edição: Vanessa Gonzaga