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Eleições 2020: capitais do Nordeste registraram menores abstenções no segundo turno

Além da pandemia, fatores como o baixo interesse pela política e descrença em candidatos afastaram eleitores das urnas

Brasil de Fato | Juazeiro do Norte (CE) |
Dados do TSE mostram que 23,09% do eleitorado nacional habilitado para votar não compareceu as urnas. - Fotografia: Antonio Augusto/Ascom/TSE

As eleições de 2020 foram atípicas, com novas datas de realização e preocupações com a saúde pública de eleitores devido a pandemia do novo coronavírus, que obrigou os órgãos de legislação eleitoral a tomar medidas práticas para adaptar as campanhas e o eleitorado para o período eleitoral.

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O ano também registrou um recorde no número de abstenções. Dados do TSE mostram que 23,09% do eleitorado nacional habilitado para votar não compareceu as urnas, um montante de mais de 34 milhões de pessoas. No Ceará, porém esse número foi abaixo da média nacional, com 16,93% de não comparecimento às urnas.

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Pandemia, baixo interesse e descrença em candidatos

Segundo dados do TSE, a região sudeste foi a que registrou o maior número de abstenções, com 26,30%. O Centro-Oeste fica logo atrás, com 24,30%. O Nordeste foi a região que registrou uma porcentagem mais baixa com 18,54% de abstenções.

No Ceará, o número de não votantes ficou abaixo também da média regional, sendo um dos estados brasileiros com o menor índice de abstenções. Em Fortaleza, a taxa de não votantes ficou em 21,84% no primeiro turno. Pernambuco (18,52%), Rio Grande do Norte (17,53) e Paraíba (15,79%) também registraram índices abaixo das médias nacional e regional. 

A cientista política e professora convidada da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) Joyce Martins, afirma que, apesar do Sudeste apresentar números mais altos de não participação do eleitorado, houve desigualdades nas abstenções dentro das regiões.

“Porto Velho, Rio Branco e Boa Vista, no Norte, tiveram alto índice de abstenção, mas Manaus e Belém tiveram alguns dos menores índices. Belém, aliás, foi uma cidade em que a abstenção no segundo turno foi menor do que a verificada em 2016. Cidades como Fortaleza, João Pessoa e Recife, no Nordeste, tiveram abstenção menor comparada a outras capitais, mas Aracaju e Maceió tiveram índices próximos aos de São Paulo”, comenta Joyce.

“Entendo que uma série de fatores influenciou o aumento das abstenções. Eles vão desde a situação pandêmica, passando pelo baixo interesse pela política e pela descrença nos candidatos até a redução do tempo de campanha, a qual é fundamental para que eleitoras e eleitores conheçam os postulantes e se convençam de que vale a pena sair de casa para votar”, explica.

"Preferi não ir"

A preocupação com a saúde da família foi um dos motivos que fez o músico e servidor público Lindemberg Bezerra de Menezes não comparecer a votação nos dois turnos da eleição deste ano.

“No primeiro turno, fiz o exame de covid e deu positivo, apesar de não sintomático preferi não ir votar. No segundo turno, meu filho nasceu e fiquei em casa para dar assistência a ele”, conta Lindemberg.

Em um balanço feito sobre as eleições deste ano, o presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso, disse que apesar do número de abstenções ter sido acima do desejável esperado pela Justiça Eleitoral, o comparecimento de mais de 70,50% do eleitorado é uma marca que merece ser celebrada, uma vez que as eleições desse ano aconteceram em meio a pandemia do novo coronavírus.

Fonte: BdF Ceará

Edição: Monyse Ravena