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A guerra das vacinas

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Enquanto isso, no vácuo do desgoverno federal, estados e municípios iniciam uma disputa pela compra das vacinas por conta própria
Enquanto isso, no vácuo do desgoverno federal, estados e municípios iniciam uma disputa pela compra das vacinas por conta própria - JACOB KING / POOL / AFP
A vacina precisa ser para todos

Estamos chegando ao final do pesado ano de 2020. Um ano que, talvez, nem o maior dos pessimistas esperava de tão difícil. Se já enfrentávamos uma crise econômica que progredia e castigava a população, a pandemia do novo coronavírus chegou com tudo e ocupou boa parte destes meses. Quase o ano inteiro, na realidade. E, para nosso azar, estamos sob um Governo Federal que nos apresenta um descompromisso nunca antes visto com a população brasileira.

Entretanto, é em meio a esta grande tragédia que já matou 180 mil brasileiros e brasileiras, que começamos a conviver também com as boas notícias das vacinas que estão a caminho. E como já escrevi outras vezes, as vacinas são nossa grande esperança. Estamos mais perto que nunca de tê-las à disposição. Ao menos falando dentro de uma perspectiva global. Já no Brasil, infelizmente, o caminho parece mais longo e tortuoso.

Os últimos dias têm sido marcados pelo início de vacinação em outros países. Entretanto, por aqui, o presidente Bolsonaro e o ministro da saúde seguem criando problemas e dificuldades. Estamos em dezembro e até agora não há um plano sério sequer apresentado pelo Governo Federal para produção, conservação, distribuição e aplicação das vacinas. E isso não é um problema menor. Não dá para começar a pensar nestas outras etapas apenas após a aprovação das vacinas.

Um exemplo concreto do que estou falando nós vemos nas campanhas de vacinação para gripe que acontecem anualmente. Em 2020 foram 80 milhões de doses aplicadas e, para tal, há toda uma mobilização e preparação que dura meses. E olhe que estamos falando de uma campanha já bem conhecida, com um público específico e que depende de 1 dose apenas. Para a Covid-19, trabalhamos com um público bem maior e sequer sabemos ainda quantas doses serão necessárias. 

Enquanto isso, no vácuo do desgoverno federal, estados e municípios iniciam uma disputa pela compra das vacinas por conta própria. Tais governantes não estão errados, ao se colocarem na linha de frente para tentar suprir uma deficiência absurda por parte do Ministério da Saúde. Entretanto, tal situação representa uma tragédia no nosso Programa de Imunização. Deste jeito, respalda-se que o acesso à vacina será dos estados e municípios com mais dinheiro. E isso é muito grave e fere qualquer princípio do SUS. A vacina precisa ser para todos.

Edição: Vanessa Gonzaga