Rio de Janeiro

IMPEACHMENT

Tribunal adia depoimento de Witzel em processo e dispensa sua esposa, Helena Witzel

Comissão de desembargadores e deputados estaduais prevê que resultado sobre cassação saia no fim de janeiro

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Waldeck Carneiro
Diante de contradições em depoimentos, o relator, deputado Waldeck Carneiro (PT), disse TCM vai cruzar informações de documentos com o dossiê do STJ - Brunno Dantas/TJRJ

O Tribunal Especial Misto (TCM) que julga o processo de impeachment de Wilson Witzel (PSC) adiou o depoimento do governador afastado que ocorreria nesta sexta-feira (18). A pedido da defesa de Witzel, ele será ouvido no próximo dia 28. No mesmo dia, serão ouvidas as seis testemunhas que não chegaram a ser interrogadas na sessão de quinta-feira (17).

Também a pedido da defesa do governador afastado, Helena Witzel, esposa de Witzel, foi dispensada de prestar depoimento, como também uma outra testemunha. As dispensas foram aprovadas pelo colegiado do TCM.

Leia mais: MPF denuncia Witzel, Pastor Everaldo e mais 11 por corrupção e lavagem de dinheiro

Na rodada de depoimentos da última quinta-feira (17), foram ouvidas 16 testemunhas ao longo de 13 horas de sessão. As outras testemunhas não foram localizadas nos endereços fornecidos e, por esse motivo, não compareceram. Agora, os advogados têm cinco dias para informar os novos endereços ou indicar a substituição.

O primeiro depoimento foi do ex-secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais Lucas Tristão do Carmo, ouvido como informante por ter declarado uma relação de inimizade com o ex-governador. O segundo depoente foi Luiz Roberto Martins, apontado como operador financeiro do esquema na área da Saúde que, conforme a denúncia, era chefiado pelo empresário Mário Peixoto. Para evitar as respostas, Luiz Roberto lembrou que é réu no inquérito no Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

Em seu depoimento, o ex-subsecretário de Saúde Gabriell Neves também usou o inquérito do STJ para não responder a todos os questionamentos. Já o empresário Mário Peixoto, que prestou depoimento por videoconferência, por estar preso, acusado de participação no esquema de corrupção no setor de saúde do Rio, disse ser sócio de duas empresas que não prestam serviço ao Estado e afirmou não ter interesse em contratos de hospitais de campanha.

Apontado pelas investigações como um dos principais líderes do esquema criminoso de desvio de recursos públicos na administração pública do estado do Rio, o presidente do PSC, Pastor Everaldo, chegou a chorar em seu depoimento da última quinta-feira (17) e pediu "misericórdia" e "clemência" ao Tribunal Misto. Preso desde agosto, ele se negou a dar informações sobre o funcionamento do esquema no governo Witzel.

Leia também: Pastor Everaldo agiu como "proprietário" do governo do RJ, afirma Ministério Público

Todas as testemunhas de acusação que prestaram depoimentos na manhã de ontem são acusadas de pertencer ao esquema de corrupção que teria causado um dano de R$ 500 milhões à área da saúde, no Rio de Janeiro, durante o governo de Wilson Witzel.

Contradições

O relator do processo, o deputado estadual Waldeck Carneiro (PT), disse que a sessão da última quinta-feira (17) foi produtiva, porque ocorreram depoimentos importantes. Segundo ele, foram constatadas algumas contradições e o desafio agora é fazer a devida análise do que foi relatado com o cruzamento de informações de documentos com o dossiê sobre o inquérito realizado pelo STJ.

“Então, é se debruçar sobre esses documentos para ver onde as informações confluem, onde colidem, e ao mesmo tempo se preparar para a próxima etapa, no dia 28 com mais seis testemunhas”, disse após a sessão. “Espero que o Tribunal Especial Misto tenha o máximo de elementos para tomar a decisão mais justa possível.”

O Tribunal Especial Misto é composto pelos desembargadores Teresa Castro Neves, Maria da Glória Bandeira de Mello, Inês da Trindade, José Carlos Maldonado e Fernando Foch e pelos deputados estaduais Waldeck Carneiro (PT), relator do processo, Alexandre Freitas (Novo), Chico Machado (PSD), Dani Monteiro (Psol) e Carlos Macedo (Republicanos).

Edição: Eduardo Miranda