Pernambuco

DIA DO LEITOR

O que tu indica? | “Nós que amávamos tanto O Capital – Leituras de Marx no Brasil”

No dia do leitor celebraremos a tarefa do propagandista, dos que aprendem a ler para ensinar outros camaradas

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Livro reúne textos e impressões de Emir Sader, João Quartim de Moraes, José Arthur Giannotti e Roberto Schwarz - Divulgação/Boitempo

“Utopia não é o que o senso comum diz, algo irrealizável. Utopia é desejo. E as nossas utopias antecipam concretamente a possibilidade de mudar o mundo. Ser amante de livros é utopia concreta que diz respeito à insistência e à alegria de viver. Isso de sermos teimosos, de não nos conformamos”

Adelaide Gonçalves

As celebrações são necessárias, assim como os livros em meio ao caos. São acalanto porque abrem horizontes, nos mostram um novo mundo que é possível conhecer, ou construir. O apreço a leitura é uma dádiva que permite a locomoção, caracterização e reafirmação de um coletivo. Vejam, o Nordeste, região marcada pelo preconceito anacrônico, reúne o maior número de leitores. Esse retrato da leitura no Brasil nos ajuda a visualizar e quebrar paradigmas que são perpetuados no cotidiano. O livro é uma arma contra ignorância e os leitores estão em uma constante guerrilha, os teimosos que fincam bandeiras como a campanha de alfabetização em Cuba no ano de 1961, em que mais de 700 mil pessoas aprenderam a ler, em sua maioria camponeses. 

No compasso da dança em comemoração ao dia do leitor, celebraremos com a indicação do livro “Nós que amávamos tanto O Capital – Leituras de Marx no Brasil”. Este livro reúne textos e impressões de Emir Sader, João Quartim de Moraes, José Arthur Giannotti e Roberto Schwarz. Mais que textos sobre a leitura de Marx, eles nos transportam para uma geração de leitores e formuladores, intérpretes do marxismo no Brasil. 

O Capital continua a ser a contribuição teórica mais relevante para compreensão do modo de produção capitalista. Neste livro encontraremos os debates e conheceremos os intelectuais que para estudar a obra, tinham que traduzir e se reuniam constantemente, especialmente, o grupo de estudos sobre O capital da USP composto por Giannotti, Fernando Novais, Fernando Henrique Cardoso, Octávio Ianni logo após, Ruth Cardoso, Paul Singer, Bento Prado Junior, Ruy Fausto, entre outras figuras importantes para disseminação da cultura marxista em nosso país popularizando entre estudantes, professores, secundaristas, os “Seminários Marx” durante e pós ditadura.  

O hábito da leitura, assim como o apreço ao estudo são trincheiras necessárias e imprescindíveis para o acerto na ação e uma mudança concreta da realidade. E a disseminação da boa leitura também é uma tarefa nossa, assim como é possível enxergar dois orientandos de Florestan Fernandes participando desses feitos. É preciso influenciar, criar referência teórica dentro da sociedade, ou melhor, lutar contra a cultura hegemônica. Uma tarefa árdua.

No dia do leitor celebraremos a tarefa do propagandista, dos que aprendem a ler para ensinar outros camaradas, celebraremos a importância da leitura na luta de classes.

*Louise Xavier é estudante e militante do Levante Popular da Juventude

Edição: Vanessa Gonzaga