Paraíba

EDUCAÇÃO

'Sem vacina, prof. da educação da Paraíba não voltarão às atividades presenciais'

Sintep/PB emite nota se posicionando sobre possível volta às aulas em meio à pandemia. Confira.

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Reprodução - Card

Nesta quinta-feira (23), o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Paraíba emitiu uma nota sobre a possível decisão do governador de autorizar a volta às aulas presenciais. Confira o documento:

Sem vacina, profissionais da educação da paraíba não voltarão às atividades presenciais

Circula em alguns meios de comunicação declarações do governador João Azevedo sobre a possibilidade de retorno às atividades presenciais nas escolas da Paraíba a partir de março. Esta informação se contradiz com o que foi feito pelo Governo do Estado até então, de cautela e proteção à vida dos paraibanos e paraibanas.

No último dia 12, foi divulgado o resultado do inquérito sorológico “Continuar Cuidando” pela Secretaria de Saúde do Estado. De acordo com informações da própria Secretaria, a faixa etária das pessoas mais afetadas na Paraíba está entre 0 a 11 anos e entre 50 a 60 anos de idade. Nas palavras do secretário executivo de Saúde, Daniel Beltrammi:

 “Aqui fica o questionamento do que poderia ter acontecido com essa prevalência se as creches, escolas e instituições de ensino no geral não tivessem suas atividades presenciais suspensas. A gente teria construído algo em torno de 30% de prevalência média”1

Agora que temos a possibilidade real da vacina, não vamos arriscar nossas vidas nem a dos milhões de paraibanos com aventuras desnecessárias. O que mudou na situação da pandemia no Estado para justificar tais declarações do Governo? Na verdade, nem as próprias diretrizes apresentadas para o enfrentamento da pandemia na educação estão sendo cumpridas.

O Comitê Interinstitucional e Intersetorial de Acompanhamento Estadual (CIIAE), criado desde setembro de 2020 para monitorar tais diretrizes, nunca se reuniu por falta de convocação da Secretaria de Educação. Foram inúmeras as cobranças por parte do SINTEP-PB para reunir o Comitê, mas sem êxito. Desta maneira, nenhum Comitê Escolar de Crise (CEC) foi estabelecido.

Uma boa medida para diminuir os problemas causados pelo ensino remoto seria munir estudantes e docentes com equipamentos eletrônicos que possibilitassem uma melhor interação à distância. A falta de acesso à tecnologia, a chamada exclusão digital, é um dos grandes fatores da evasão escolar. Professores e professoras utilizaram seus próprios equipamentos, a energia elétrica das suas casas para garantir a continuidade do processo educacional. É papel do Estado garantir estas condições.

Na Paraíba somamos o triste número de 3.800 mortes em decorrência da Covid-19 e cerca de 400 mil infectados. O número de infectados corresponde a cerca de 10% da população. De acordo com especialistas, para atingir a chamada imunidade de rebanho é necessário que 70% da população seja imunizada. É uma conta simples e assustadora: vamos apostar no retorno das atividades presenciais e perder mais 22 mil vidas dos nossos entes queridos? Temos o triste exemplo da capital amazonense que apostou na abertura das escolas e agora está numa profunda crise humanitária.

Por este motivo, os trabalhadores e trabalhadoras em educação do Estado da Paraíba reafirmam que estão do lado da vida, da ciência e do povo paraibano. Em assembleia geral, decidimos que só retornaremos às atividades presenciais após a vacinação em massa da população. Profissionais da educação se reinventaram em 2020, reinventaram sua prática pedagógica para ofertar a melhor educação possível aos jovens paraibanos. O momento é de defender a vida, vacinar a população, vencermos juntos o vírus e derrotar a política de morte do negacionismo do Governo Bolsonaro.

Conclamamos o governador João Azevedo para o diálogo, para defendermos a vida do povo paraibano através da vacinação e buscarmos caminhos seguros de ofertar uma educação pública de qualidade no contexto de pandemia. Não queremos que a Paraíba passe pelo desespero que o Amazonas está passando.

 

Edição: Maria Franco