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Quem larga na frente para 2022? Saiba quais os partidos mais fortes em Pernambuco

Levantamento considera o número de prefeituras e população governados por cada partido; detalhamos em cada mesorregião

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Cenário da disputa em 2020 pode fornecer informações relevantes para a disputa do Governo do Estado e legislativo estadual e federal - Divulgação

Após as eleições municipais em novembro de 2020, é importante observar quais partidos têm mais prefeituras. Mas este número não basta, já que há municípios de tamanhos diversos. Por isso, o Brasil de Fato Pernambuco fez um levantamento nas quatro mesorregiões do estado para entender quais partidos estão responsáveis pela maior quantidade de pernambucanos, podendo influenciar diretamente na disputa das eleições de 2022 para governador, senador, deputados federais e estaduais. O PSB segue como partido mais forte, mas viu seus opositores PL e PTB perderem relevância e espaço para seus aliados MDB e PP.

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Na Região Metropolitana, o PSB perdeu espaço, mas se manteve como partido com mais prefeituras (3) e que governa maior contingente populacional (1,8 milhão), seguido pelo PL, que tem duas prefeituras e governa para 900 mil pessoas na RMR. O ex-prefeito recifense Geraldo Julio (PSB) e o atual prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira (PL), são dois nomes cotados para a disputa do Governo do Estado em 2022.

Na Zona da Mata o PSB segue como sigla mais relevante, já que detém 10 prefeituras e governa para 235 mil pessoas, mas já não hegemoniza sozinho. O PP do deputado Eduardo da Fonte governa para 250 mil habitantes em suas 6 prefeituras na região. Têm relevância também o PSD do deputado André de Paula (7 municípios e 190 mil pessoas); o MDB do senador Jarbas Vasconcelos (4 municípios e 195 mil pessoas); e novamente o PL (3 municípios e 115 mil pessoas) estão entre os partidos mais relevantes na região.

No Agreste o PSB é hegemônico: é o partido que governa mais municípios (20) e o maior número de pernambucanos (650 mil). Por ter mantido a prefeitura de Caruaru com Raque Lyra, o PSDB é a segunda força na região, governando três municípios e 400 mil pessoas. Também têm grande relevância o DEM (8 municípios e 255 mil habitantes), o PP (8 municípios e 220 mil pessoas), o MDB (8 municípios e governando para 220 mil) e o PL (5 municípios e 140 mil habitantes).

No Sertão o PSB tem mais prefeituras (20), mas o MDB é responsável por uma população maior (574 mil), tendo a prefeitura de Petrolina e mais nove municípios. O MDB na região é comandado pelo senador Fernando Bezerra Coelho, líder do governo Bolsonaro no Senado. O partido ampliou de quatro para 10 prefeituras e elevou em 160 mil o contingente populacional governado. PSL e PT são outros partidos com bastante relevância na região.

Balanço estadual


No balanço total do estado, o PSB sofreu um dano considerável no pleito de 2020, perdendo 18 prefeituras e a responsabilidade sobre 875 mil pessoas. As maiores derrotas foram as perdas das prefeituras do Paulista e do Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitana. Mas o partido do governador Paulo Câmara segue hegemônico, com 53 prefeituras e governando para 3,17 milhões de pessoas em seus municípios. Geraldo Julio, ex-prefeito do Recife, é o nome mais cotado do PSB para a eleição para governador.

O segundo partido mais relevante do estado agora é o MDB dos senadores Jarbas Vasconcelos e Fernando Bezerra Coelho, que subiram de 15 para 23 prefeituras e agora governam para 1,32 milhão de pernambucanos. Foi o partido que mais cresceu na eleição de 2020. As maiores conquistas foram no Paulista e em Vitória de Santo Antão, ambas derrotando o PSB.

O partido que mais ganhou relevância foi o PP do deputado federal Eduardo da Fonte. O partido tinha sete prefeituras e governava para 97 mil pernambucanos, mas ganhou nada menos que 13 prefeituras e agora soma 17 municípios e 575 mil pessoas sob sua responsabilidade. A maior vitória foi em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste do estado.

Quem viu seu espaço reduzir um pouco foi Anderson Ferreira (PL), prefeito de Jaboatão dos Guararapes e que tem se colocado como possível candidato ao Governo. Apesar de reeleito no 1º turno no seu município, Ferreira viu seu partido diminuir no interior. Das 18 prefeituras, o PL perdeu oito e agora tem 10. No entanto, o partido conseguiu ampliar o número de pessoas sob sua responsabilidade: subiu de 1,04 milhão para 1,16 milhão, isso porque o PL venceu em municípios como o Cabo de Santo Agostinho (207 mil habitantes) e Brejo da Madre de Deus (50,8 mil).

Partidos do “centrão” que são aliados de longa data do PSB também perderam um pouco de espaço. O PSD do deputado federal André de Paula tinha 19 prefeituras, mas perdeu cinco. O partido viu a população sob sua responsabilidade cair de 600 mil para 380 mil. O maior município perdido foi justamente Brejo da Madre de Deus. O Solidariedade (SD) do deputado federal Augusto Coutinho tinha só três prefeituras, perdeu uma, mas manteve o quantitativo de habitantes governado na casa dos 420 mil.

Duas siglas ganharam espaço e passaram a figurar entre as mais relevantes do estado: o Republicanos do deputado federal Silvio Costa Filho e o Avante do deputado João Paulo Costa (que são irmãos, filhos do ex-deputado Silvio Costa). O Republicanos, partido da Igreja Universal, tinha duas prefeituras e governava para 180 mil pernambucanos. Em 2020 venceu em mais doze municípios e agora soma 14 prefeituras, tendo responsabilidade sobre 435 mil pessoas. Destaque para a reeleição de Nadegi Queiroz em Camaragibe e para as conquistas de Caetés e Pesqueira. Duas dessas vitórias aguaram decisão da Justiça Eleitoral – caso do Cacique Marcos Xukuru, em Pesqueira. O partido pode perder campo de influência, mas segue relevante.

O Avante (antigo PTdoB) não tinha prefeituras e em novembro conquistou 10, com destaque para Cabrobó. O partido agora governa para 160 mil pernambucanos. O PSL de Luciano Bivar também cresceu, saindo de duas para cinco prefeituras. O partido governa agora para 330 mil pessoas, com destaque para a conquista de Abreu e Lima e as reeleições em Araripina e Goiana.

O PSDB perdeu espaço mas segue no “top 10” dos partidos mais relevantes de Pernambuco. A sigla tinha 10 prefeituras, mas perdeu metade e viu a população sob seu governo cair de 790 mil para 490 mil. Apesar de Raquel Lyra ter sido reeleita em Caruaru, os tucanos perderam cidades importantes como Santa Cruz do Capibaribe, Gravatá e Ouricuri.

Mas nenhum partido sofreu tantos prejuízos como o PTB. A sigla era a terceira mais relevante do estado e agora não figura nem no “top 10”. Das 18 prefeituras que possuía, perdeu 12. Viu o contingente populacional sob sua responsabilidade cair de 830 mil para 315 mil. Apesar das derrotas, como em Garanhuns e São Lourenço da Mata, o PTB conseguiu manter municípios importantes como Igarassu e Ipojuca.

O partido tinha como figura mais proeminente o ex-ministro e ex-senador Armando Monteiro Neto, candidato do partido ao Governo do Estado em 2018 e 2014. Mas em 2020 o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, decidiu colocar o diretório de Pernambuco nas mãos do Coronel Meira, figura alinhada com Bolsonaro. Ao perder o controle do partido, Armando Monteiro – que é um crítico discreto de Bolsonaro – comunicou sua saída do PTB.

O DEM de Mendonça Filho também não figura no “top 10”, mas ganhou um pouco de relevância. A sigla governava para 170 mil pessoas em cinco municípios, mas ampliou o número de prefeituras para nove e agora é responsável por 275 mil pernambucanos. As maiores conquistas se deram em Bezerros (vitória sobre o PSB) e em Belo Jardim, cidade historicamente comandada pelos Mendonça.

Na esquerda, PT e PDT perderam espaço, enquanto o PCdoB voltou a ter prefeituras. Mas nenhuma das três siglas figura entre as maiores siglas de Pernambuco em número de prefeituras. O PT caiu de sete para cinco prefeituras e agora governa para 165 mil pernambucanos. Apesar das reeleições em Serra Talhada e Águas Belas, o partido perdeu municípios menores (Jaqueira e Calumbi). O PDT caiu de oito para três prefeituras e agora é responsável por 110 mil pernambucanos. Destaque para a reeleição em Carpina. E o PCdoB, que não tinha prefeituras, conquistou duas (Ibimirim e Sanharó) e agora governa para 55 mil pernambucanos.

Os partidos Podemos, Cidadania e PSC ganharam espaço. O Podemos saiu do zero, conquistou três municípios e agora governa para 94 mil pernambucanos. Destaque para a vitória em Limoeiro. O Cidadania tinha a prefeitura de Vicência e conquistou São José da Coroa Grande. Agora é responsável por 54 mil pernambucanos. E o PSC também estava no zero e venceu a disputa em Xexéu. O Patriota e o PMN tinham uma prefeitura cada, mas foram derrotados.

Deputados


Obviamente, não é só o número de prefeituras que define a força eleitoral de cada partido. Em Pernambuco o PSB também se destaca com a maior bancada de deputados federais (6) e estaduais (11). O PP vem em seguida, com quatro federais e 11 estaduais. O PT mostra sua força com um senador, dois deputados federais e três estaduais. O MDB tem dois senadores, mas apenas um deputado federal e um estadual. O PSC tem um federal, mas seis estaduais.

O PL tem dois deputados federais e dois estaduais; o PDT tem dois federais, mas só um estadual; mesma situação do Republicanos. Já o DEM e o PSD têm um federal e três estaduais. O PCdoB tem um federal e um estadual. O PSL, o Solidariedade, o Cidadania, o Podemos e o Patriotas têm um deputado federal cada, mas nenhum estadual. O PTB tem dois estaduais. E o PSOL, o PSDB, o Avante e o PRTB têm um estadual cada.

Edição: Vanessa Gonzaga