Paraná

Entrevista

Brasil vive uma democracia artificial, analisa deputado do Paraná

Tadeu Veneri foi um dos convidados do BdF Direto da Redação, que discutiu os protestos "Fora, Bolsonaro"

Curitiba (PR) |
Segundo ato "Fora, Bolsonaro" em Curitiba (PR), aconteceu no domingo (31) - Giorgia Prates

A pandemia agravou o processo de exclusão popular nas assembleias do Brasil. A análise é do deputado estadual Tadeu Veneri (PT), que participou do programa ao vivo BdF Direto da Redação, na sexta (29).

Na avaliação de Veneri, a suspensão das atividades presenciais no parlamento e também a impossibilidade de mobilização popular nas ruas tornaram o processo legislativo mais confortável para o avanço de pautas contrárias ao benefício da população.

“Nós estamos vivendo um período de exceção no Brasil, no que diz respeito ao parlamento, desde meados de março [de 2020], quando foram fechadas as câmaras, as assembleias, o congresso. A gente vive uma artificial democracia, onde as pessoas não têm direito à vez, não têm direito à voz e obviamente não têm como influenciar os votos. O processo dentro dos plenários é muito confortável”, afirmou.

Com transmissão ao vivo pela página de Facebook do Brasil de Fato Paraná e pelo canal de YouTube, o BdF Direto da Redação discutiu os movimentos “Fora, Bolsonaro”, que têm tomado as ruas do Brasil em carreatas e bicicletadas nas últimas semanas. Além de Veneri, participaram também Taís Gramowski, professora da rede estadual do Paraná, secretária de Mobilização da CUT-PR e membro da Frente Brasil Popular, e Rodrigo Tomazini, trabalhador da educação estadual e diretor da APP sindicato núcleo sindical Curitiba Norte.

Diante da dificuldade em pressionar o governo federal por meios institucionais, para Tomazini, os atos recentes são importantes justamente para demonstrar a insatisfação popular com esse “governo que atua contra a população”. “Hoje não é exagero chamar Bolsonaro de genocida. Não é exagero dizer que se a gente quiser brecar o número de mortes e de contaminações [por Covid-19] no Brasil a gente precisa tirar Bolsonaro. É um governo que se preocupa em facilitar a morte”, disse.

Na Câmara dos Deputados já existem mais de 60 pedidos de impeachment de Bolsonaro. O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), recusou por diversas vezes abrir qualquer um dos processos, alegando que um impeachment agravaria a crise que o país já vive em meio à pandemia. Nesta segunda (01), a Câmara elege um novo presidente. Entre os mais cotados para assumir a cadeira estão o bolsonarista Arthur Lira (PP) e Baleia Rossi (MDB), que tem mobilizado votos do "centrão", de parte da direita e de setores da esquerda.

Para Taís Gramowski, o argumento de Maia para recusar a abertura do processo de impeachment “é inadmissível”. “Estamos em uma crise econômica, sanitária, nunca tivemos um presidente que cometesse tantos crimes quanto esse que está agora. A expectativa, se o governo Bolsonaro continuar, é de desmonte do Estado e agravamento da pandemia. Não temos um governo que se preocupa com a pandemia”, explicou.

O BdF Direto da Redação vai ao ar todas as sextas, às 11h30.

 

Edição: Pedro Carrano