Pernambuco

CULTURA

O que tu indica? | Festa no Terreiro Mágico: 100 anos do Cambinda Brasileira

Livro conta a história do mais antigo maracatu de baque solto em atividade ininterrupta no Brasil

Brasil de Fato | Recife (PE) |

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O livro ressalta o colorido das apresentações e a importância da história vivida pelos seus integrantes, mas também as questões comportamentais e sociais - PH Reinaux


Foi na primeira década do século 20 que um morador da cidade de Nazaré da Mata, em Pernambuco, resolveu criar um maracatu de baque solto e seu nome seria Cambinda Nova. Isso porque naquela época em que o povo estava quase passando fome por causa da falta de chuvas na mata norte, chegou um inverno rigoroso e fez transbordar o rio, onde eles conseguiram pescar bastante e passaram a consumir a cambinda, que é um peixe pequeno que vive em água doce. 

E assim ficou sendo chamado o maracatu, enquanto pertenceu aos seus primeiros donos, Severino Lutero, que além de dono era também o mestre. Quando ele deixou o maracatu, seu primo João Fulozino pegou o apito e também tomou conta do brinquedo, que depois passou também para João Lauro, seu cunhado, que nao aguentou por muito tempo a responsabilidade e então o maracatu chegou na mão de João Estevão da Silva, o João Padre.

João conta que foi um desentendimento que fez o maracatu sair da mão de João Lauro e ir para os cuidados de João Padre, tanto é que o padre tirou o maracatu de Chão de Cazumba, localizado no entorno do Engenho Cumbe e levou para dentro do engenho, onde trabalhava no corte de cana. Ali, pediu a permissão para Rosinha Borba, matriarca da família e dona das terras. Antes de liberar a brincadeira, ela fez uma exigência: que o maracatu se chamasse Cambinda Brasileira, numa referência à pátria. 

De lá para cá, o mais antigo maracatu de baque solto em atividade ininterrupta no Brasil virou símbolo de reinvenção e resistência e hoje é patrimônio vivo de Pernambuco, titulação recebida no concurso de 2019. 

E é sobre a história, a religiosidade e luta do Cambinda Brasileira que foi lançado o valioso livro "Festa no Terreiro Mágico: 100 anos do Cambinda Brasileira". A edição é co-assinada pelo fotógrafo Eudes Régis e a jornalista Adriana Guarda e conta um pouco da história que o casal reuniu ao longo de quatro anos de frequentação assídua ao brinquedo, e quem frequenta sabe que o maracatu não é festa somente de carnaval, mas integra a comunidade e movimentos que vão além do artístico, envolvendo a vida cotidiana e religiosa.

Assim, o livro ressalta o colorido das apresentações e a importância da história vivida pelos seus integrantes, mas também as questões comportamentais e sociais. O livro teve tiragem impressa e seu pdf está disponível para download na página Festa no Terreiro Mágico, no Facebook.

*Com informações da Revista Continente e do Portal Cultura PE

 

Edição: Vanessa Gonzaga